Mais de 40% das grávidas de seis capitais têm DST, aponta estudo
Segundo a pesquisa, 11% das gestantes tinham uma infecção bacteriana e 37% tinham uma infecção viral, como o HPV e a hepatite B. Entre as gestantes, 16,7% tiveram mais de um parceiro sexual no ano anterior e 49,2% disseram que nunca usam preservativo com parceiro fixo. No grupo, 40,4% das gestantes tinha HPV.
De acordo com o coordenador da unidade de DST do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, Valdir Pinto, esse dado não é o mais preocupante. Isso porque o HPV não traz risco para o bebê se a mulher não tiver verrugas ou lesões genitais.
A pesquisa aponta que as mulheres também sofrem de clamídia (9,4%), gonorréia (1,5%) e sífilis (2,6%). Pelo menos 10% das gestantes estudadas apresentaram infecção simultânea das doenças.
Quando não tratadas, as doenças podem levar a complicações como aborto, parto prematuro, malformações ósseas, infecção puerperal, cegueira, surdez, problemas neurológicos, pneumonia neonatal e até a morte do feto. Essas três doenças são curáveis e o diagnóstico e tratamento estão disponíveis na rede pública de saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, 57,8% das gestantes já tiveram corrimento vaginal anormal e 15,2% já tiveram verrugas, feridas ou vesículas genitais. A pesquisa apontou que 25,2% delas queixaram-se de dor pélvica e 7,9% mencionaram verrugas, feridas ou vesículas genitais nos parceiros.
Perigo é maior em jovens
Segundo o estudo, a chance de desenvolver uma dessas infecções é maior em pessoas com menos de 20 anos. Os fatores contribuem para aumentar a vulnerabilidade às DST são sexo desprotegido, múltiplas parcerias sexuais, coito anal e uso de drogas injetáveis.
De acordo com a diretora do Programa Nacional de DST e Aids, Mariângela Simão, embora o estudo não seja representativo do país inteiro, os resultados mostram características da população sexualmente ativa das seis cidades. "Além disso, [a pesquisa] facilita a identificação dos fatores que incrementam a vulnerabilidade para adquirir uma DST e dos comportamentos de risco que se traduzem nas elevadas taxas de infecções verificadas nas populações pesquisadas".
Homens e mulheres em atendimento
Entre as pessoas que procuraram atendimento em serviços de saúde especializados em DST, o HPV foi a doença de maior incidência (32,6%), seguida de gonorréia (18,5%) e clamídia (13,1%).
A prevalência de HPV afeta principalmente adolescentes e jovens adultos, sugerindo que a infecção se dá no início da vida sexual. Em 70% dos casos, a infecção ocorreu na faixa etária inferior a 15 anos.
Se não for diagnosticado e tratado precocemente, o HPV pode causar alterações celulares no colo de útero que podem evoluir para o câncer. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), essa é a terceira neoplasia maligna mais comum em mulheres.
Para o médico ginecologista Valdir Pinto, esses números ressaltam a importância de as mulheres fazerem o exame de papanicolau todos os anos. "O risco de uma mulher que tem acompanhamento médico desenvolver câncer de colo de útero é mínimo", afirma. As lesões demoram para evoluir para o câncer. "Com isso, é possível tratá-las no início e evitar que se transformem em uma doença mais grave".
Nesse grupo, 32,3% das pessoas apresentaram clamídia e gonorréia ao mesmo tempo. Nas mulheres, estes são os principais microorganismos associados à doença inflamatória pélvica (DIP), que causa seqüelas responsáveis por complicações como gravidez fora do útero e infertilidade.
Outros dados:
Comportamento sexual dos homens:
15% fazem sexo com outros homens;
45% tiveram entre duas e cinco parceiras ou parceiros no ano anterior;
35% afirmaram sempre usar preservativo com parceiros e parceiras eventuais;
49,1% praticam coito anal.
Comportamento sexual das mulheres:
58,8% das mulheres tiveram apenas um parceiro;
28,5% tiveram entre dois e cinco parceiros no ano anterior;
47,3% disseram usar sempre camisinha com parceiros eventuais;
31,8% praticam coito anal.
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