Pesquisa revela que um em cada 100 brasileiros tem epilepsia
Durante manifestação pública realizada hoje em frente ao Ministério da Saúde, a presidente da federação, Rosa Maria Lucena, alertou que as cirurgias para amenizar os sintomas da epilepsia e facilitar o tratamento do paciente não estão sendo realizadas.
Segundo ela, a lei prevê a realização de, no mínimo, uma cirurgia por semana de pessoas com epilepsia na rede pública de saúde. "Desde 2007, a cirurgia não está acontecendo normalmente. Este ano, somente seis pacientes foram operados”, diz a presidente.
A alegação das Secretarias de Saúde, de acordo com ela, é que a demanda de pacientes acidentados ou com qualquer outro tipo de patologia mais grave é grande nos hospitais públicos e que a pessoa com epilepsia não pode ser prioridade no atendimento. “O epiléptico vai ficando de lado”, reclama Rosa Maria.
“Nossa principal reivindicação é a volta da cirurgia para o paciente portador de epilepsia e o cumprimento da distribuição de remédios nos postos de saúde. Existe risco de saúde, porque aquele paciente, cada vez mais, vai tendo crises. Ele pode cair a qualquer momento, no asfalto, perto do fogão. O paciente é muito prejudicado.”
O estudante Vinícius Souza de Almeida passou pela cirurgia há dois anos. Ele avalia que, desde então, muita coisa mudou e que as críticas a respeito de sua condição diminuíram. Ele lembra que antes não podia estudar e que nunca recebeu uma oferta de trabalho. O preconceito contra epilépticos no Brasil, segundo o estudante, persiste.
“Pessoa nenhuma me quis, da rua e até da própria família. É uma coisa que não pode acontecer. As pessoas têm que entender o que é epilepsia para poder criticar o outro. Hoje estudo, tenho oportunidade de trabalho e estou com vontade de crescer na vida. O começo vai ser agora.”
A funcionária pública Alaíde Ferreira de Souza apresentou os primeiros sintomas da epilepsia aos 5 anos de idade. Quase 30 anos depois, conseguiu realizar a cirurgia. Ela explica que antes chegava a ter cerca de 20 crises e a tomar mais de 20 comprimidos em um único dia.
“Vivia dormindo, dopada, não trabalhava e não tinha condições de estudar direito. Depois da cirurgia, a minha medicação diminuiu para três comprimidos por dia e não tenho mais crise. A cirurgia não tira remédio, mas dá qualidade de vida para a pessoa. Tenho uma casa, uma família, tudo é normal.”
Ela diz que a cirurgia, entretanto, não é indicada para todas as pessoas que têm a doença. Um exame denominado monitorização, segundo Alaíde, define a situação do paciente e, dependendo da localização do problema, ele não pode ser operado, porque corre risco de ter a visão ou a audição prejudicada. “O médico diz para você se pode ou se não pode”, relata a funcionária pública.
“É melhor ter essa oportunidade e arriscar do que viver caindo. E a epilepsia, não é perigosa? Na rua, você passa mal, é atropelado, as pessoas não querem te socorrer, têm medo de pegar a doença, por preconceito. É um risco como em qualquer outra cirurgia”, ela acrescenta.
O Ministério da Saúde foi procurado para se pronunciar sobre o assunto, mas não quis se manifestar.
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