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Economia
Sábado - 30 de Agosto de 2008 às 15:27
Por: Cirlene Lopes

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O que começou de forma modesta e pouco acreditada, conforme relato dos pioneiros, tornou-se a fonte de reativação da economia no Médio-Norte mato-grossense. Os municípios que sobreviviam da atividade garimpeira presenciaram o empobrecimento da região após o fim dos garimpos. Restou somente a degradação ambiental. Há cerca de seis anos a cidade de Nova Marilândia começou a desenvolver a avicultura (criação de frangos) em busca de uma retomada econômica, foi o projeto denominado Casulo.

A avicultura convenceu, mostrou resultado e naturalmente foi transformando a realidade de Nova Marilândia e cidades vizinhas como Arenápolis, Nortelândia, Santo Afonso, Diamantino e Alto Paraguai. Os frangos criados na região eram transportados para um frigorífico em Nova Mutum (na região Norte). Há Três anos a empresa Perdigão comprou esse frigorífico no município do Norte e continuou a comercializar as aves da região Médio-Norte. No último ano o Grupo Perdigão ampliou os negócios no Estado e está construindo um grande frigorífico de abate de aves em Nova Marilãndia. O que representa a realização de um sonho para os moradores. Serão gerados mil empregos diretos e três mil indiretos, além de promover o crescimento do comércio e outros ramos. “É a redenção dessa região”, salienta o prefeito de Nova Marilândia, José Aparecido dos Santos (Cidinho) e também presidente da Associação mato-grossense dos Municípios (AMM). A capacidade de abate do frigorífico, previsto para ser inaugurado em março de 2009,será de 140 mil aves/dia. Os frangos de Nova Marilândia vão abastecer o mercado no Oriente Médio.

A instalação do frigorífico é resultado da política de atração de investimentos e da proposta da agroindustrialização do Governo do Estado. Mato Grosso quer deixar de ser apenas o maior produtor de grãos e fazer com que sua matéria-prima seja industrializada aqui agregando valores, gerando empregos e distribuindo melhor as riquezas. Nessa sexta-feira (29.08) foi realizado um grande evento em Nova Marilândia, onde reuniu o governador Blairo Maggi, presidente e vices-presidentes do Banco do Brasil, diretores da Perdigão, vice-presidente da Rede Cemat, prefeitos da região e avicultores locais.

Dona Maria Aparecida Rosa, dona de um aviário, representou todos os criadores na solenidade com autoridades em Nova Marilândia (261 km a Médio-Norte de Cuiabá), ocorrida nesta sexta-feira (29.08) com a presença do governador Blairo Maggi. Com simplicidade conseguiu mostrar em poucas palavras o que a instalação do frigorífico da Perdigão na cidade significa. “Minha vida mudou em muitos aspectos e é só olhar ao redor para ver hoje nessa região você procura gente para trabalhar já tá faltando, tá todo mundo empregado”, disse a pequena avicultora.

Dona Rosa, como é conhecida, era lavadeira e enfrentou muitas dificuldades para criar os filhos com o pouco dinheiro que lhe rendia a profissão. Atualmente tem uma renda superior a seis, sete salários mínimos e se considera uma empresária. “Quero cumprimentar aqui a minha colega empresária, dona Maria Aparecida Rosa. Ela um dia me disse governador eu deixei de ser lavadeira e agora sou sua colega empresária, tenho o meu negócio”, comentou em tom descontraído o governador Blairo Maggi para exemplificar a melhoria na vida da população mato-grossense. Maggi reforçou que essa é a principal proposta dessa gestão estadual, fazer com que as ações de governo revertam em qualidade de vida para os cidadãos.

As mudanças são visíveis na parte imobiliária (valorização dos imóveis), geração de empregos e distribuição de renda. Além da felicidade das famílias que poderão ter seus filhos e até maridos de volta em casa. Moradores contam que os homens precisavam sair da cidade em busca de trabalho para garantir a sobrevivência da família. Os jovens deixavam a cidade atrás de oportunidades. “Vocês poderão ter seus filhos de volta em casa, porque a instalação da indústria vai atrair muita gente para trabalhar aqui”, afirmou o governador Blairo Maggi.

São muitos os relatos que comprovam como a avicultura devolveu a dignidade para os trabalhadores nessa região. São ex-garimpeiros como seo Tiago Ferreira ou como seo Dorvalino que era trabalhador rural desempregado e nessa sexta-feira recebeu a visita do governador em seu aviário. O pequeno avicultor contou que trabalhou como boiadeiro e depois de perder o emprego fazia ‘bicos’ para sustentar a família. Dorvalino era um dos que já estava sem esperança de um futuro melhor para os filhos. “Agora não sei nem o que fazer com o dinheiro que sobra”, comemorou.

Os avicultores entram somente com a mão-de-obra, eles recebem os pintinhos para cuidar num período de 45 a 50 dias e depois recebem pelo serviço prestado. A parceria com a Perdigão, nesse caso, garante os animais a serem criados e gastos com ração. Eles receberam também qualificação com os técnicos da empresa. Dona Ana Maria mostra o aviário com os nove mil pintinhos recebidos essa semana. A história de dona Ana foi citada pelo governador Maggi em seu discurso durante solenidade de assinatura de protocolo de intenções e termos de convênios, em Nova Marilândia. “O Cidinho me contou de uma história que me deixou emocionado. Uma das mulheres (dona Ana) que estão nesse programa falava durante uma entrevista sobre a felicidade de ter os frangos, a horta, mas num determinado momento ela chamou a repórter e disse que ia mostrar a maior riqueza dela. Abriu a porta e mostrou a despensa com prateleira cheia de comida , porque num passado recente ela não tinha o que dar para os filhos comer. Hoje a maior satisfação dela é ver a comida dos filhos”, frisou Maggi.

Dona Ana vai além, ela se diz realizada por poder hoje também ajudar o próximo, mais que o seu próprio sustento e dos filhos, se alguém precisar de um prato de comida ela tem condições de fornecer. A família dela pôde ainda adquirir bens móveis, comprou carro, moto e tem sua própria chácara.

Para o governador as histórias dos avicultores confirmam a eficácia da atividade econômica e mostra como é possível com pequenas ações e grandes idéias fazer a mudança na vida das pessoas. São pais de família que viviam com subempregos e uma renda muito baixa para garantir a sobrevivência dos filhos e podem agora usufruir de uma renda per capita considerável.

A iniciativa foi elogiada também pelo diretor regional da Perdigão Sidiney Korschi, que lembrou que num local onde a terra não produz nada, só buracos ficaram de herança do garimpo, todas as características provocavam desânimo para desenvolver a atividade. “É realmente impressionante a firmeza e determinação dos avicultores e gestores para lutar contra todos os indícios e conquistar o sucesso”, afirmou o diretor da Perdigão, uma das maiores do ramo no País.

O presidente do Banco do Brasil, Antônio Lima Neto, surpreso com o resultado do projeto, salientou que a instituição tem 26 milhões de correntistas e é o maior banco da América Latina, mas se sente realizado quando percebe que pode contribuir para reduzir as desigualdades sociais. " É nesse tipo de evento que percebemos que nós podemos fazer a diferença".

QUESTÃO AMBIENTAL – O prefeito Cidinho explicou que além de promover o desenvolvimento econômico, reduzir a desigualdade social, com a avicultura está sendo possível também contribuir na preservação ambiental. As áreas degradadas pelo garimpo estão sendo recuperadas, por meio de aterro, para dar lugar à implantação de mais criadouros de aves.

INFRA-ESTRUTURA – O Governo do Estado assinou, nessa sexta-feira, convênio para a pavimentação dos primeiros 10,5 km na rodovia MT-160, de um trecho de 27 km que irá interligar a região até à BR 364. Garantindo assim mais facilidade para escoar a produção. Foram anunciados ainda investimentos no setor energético, na ordem de r$ 20 milhões, necessários para continuar o processo de crescimento.

PROJETO CASULO - O projeto foi iniciado em Nova Marilândia, pelo prefeito Cidinho, em 2001. Ele conheceu proposta semelhante desenvolvida na região Sul do país e decidiu implantar o mesmo na cidade, que enfrentava uma forte crise com o fim do garimpo. Buscou parcerias, com apoio do Governo do Estado, desde 2003, e conseguiu ver um resultado de sucesso, com a chegada de um grande frigorífico na região.





Fonte: Secom-MT

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