Cientistas 'detêm envelhecimento' de órgãos em ratos
Pesquisadores acreditam ter encontrado uma maneira de deter o relógio biológico que leva a problemas do corpo ao longo das décadas.
Uma equipe de cientistas americanos diz ter encontrado os mecanismos genéticos para melhorar o sistema crucial que 'limpa' e 'recicla' as proteínas defeituosas nas células.
Em um artigo na revista científica Nature Medicine, eles relataram como conseguiram que os fígados de ratos geneticamente alterados funcionassem tão bem em idade avançada quanto os de animais mais jovens.
Eles sugeriram que a descoberta representa uma esperança para pessoas com doenças progressivas no cérebro.
Reciclagem
As proteínas, substâncias químicas fundamentais das células, têm uma vida útil curta, por isso devem ser eliminadas e recicladas assim que possível.
O corpo possui mecanismos para realizar esta tarefa, mas a eficiência cai à medida que se envelhece. Isto leva a disfunções nos principais órgãos – coração, fígado e cérebro –, o que pode contribuir para o aparecimento de doenças típicas da velhice.
Centrando-se nesse processo, a equipe coordenada pela professora Ana Maria Cuervo, da Universidade de Yeshiva, em Nova York, criou ratos com duas alterações genéticas.
A primeira, quando ativada, elevou o número de receptores celulares ligados à função de reciclagem de proteínas. O segundo permitiu aos médicos acionar o primeiro através de uma simples mudança na dieta das cobaias.
O mecanismo foi acionado quando os ratos fizeram seis meses – ponto em que se inicia nestes animais o declínio do sistema de reciclagem de proteínas em razão da idade.
Quando examinados aos dois anos de idade – o que em um ser humano corresponderia a cerca de 80 anos –, os ratos possuíam células do fígado com mecanismos de reciclagem muito mais eficientes que as de ratos normais.
Quando os cientistas testaram as funções gerais dos fígados dos ratos geneticamente modificados, eles perceberam que os órgãos funcionavam tão bem quanto os de ratos mais jovens.
Envelhecimento
"Esses resultados mostram que é possível corrigir este 'congestionamento' protéico que ocorre nas células com o envelhecimento, podendo talvez assim nos ajudar a desfrutar de uma vida saudável em idade avançada", disse Ana Cuervo.
Ela agora pretende realizar testes em animais com os males de Alzheimer e Parkinson, para confirmar se os depósitos anormais de proteína nas células, em particular no caso do mal de Alzheimer, podem ser tratados da mesma maneira.
O professor de gerontologia celular da Universidade de Newcastle Thomas von Zglinicki disse que os resultados são "notáveis".
"Não é sempre que se vêem estudos que logram melhorar as funções de um órgão desta maneira. O que eles parecem ter conseguido é manter os ratos jovens, tanto devolvendo quanto mantendo a atividade normal."
Ele disse que, em teoria, pode ser possível alcançar os mesmos efeitos em todo o corpo.
Já um porta-voz da britânica Alzheimer’s Society declarou: "À medida que envelhecemos sofremos falhas gerais no processamento das proteínas, e portanto a capacidade de manter a eficiência do sistema encarregado disto é claramente benéfico".
"Entretanto, um relação direta com a limpeza de proteínas defeituosas do cérebro não fica claro a partir desta pesquisa."
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