Falta gado também no Nortão; abate em MT cai 21%
Frigoríficos de Mato Grosso continuam sentindo os reflexos da falta de animais no mercado e contabilizando redução no abate em praticamente todo o Estado. De janeiro a julho, conforme o Sindicato das Indústrias Frigoríficas (Sindifrigo), a queda chegou a 21,7%. A categoria compartilha uma mesma opinião – a crise deve perdurar por médio a longo prazos. Estimativas, ainda que otimistas, dão conta que este cenário pode durar até três anos. A diminuição de animais para o abate é resultante do aumento da matança de fêmeas nos últimos anos, quando houve a necessidade do pecuarista abater matrizes e novilhas para cobrir os custos gerados na atividade.
“A realidade é geral em Mato Grosso e houve ainda mais redução no número de animais abatidos”, declarou, ao Só Notícias/Agronotícias, o presidente do Sindifrigo, Luis Antônio de Freitas Martins. De acordo com ele, em números, significa falar que as empresas deixaram de abater aproximadamente 500 mil cabeças em sete meses. “Isto não é uma crise de curto prazo, e, mesmo sendo otimista, deve durar os próximos três anos”, salientou.
Além de contratos que deixaram de ser firmados, as indústrias começaram a reduzir a mão-de-obra, gerando demissões. Outras empresas, optaram por férias coletivas, como um frigorífico em Sinop, que ficou cerca de 13 dias parado, e retomou as atividades semana passada, alengando prejuízos causados pela diferença do preço da compra por arroba do boi para o preço da venda da carne no atacado.
Os números demonstram a queda gradativa sobre os abates no Estado. Ano passado, chegaram a 407.239 em janeiro, para 352.726 no primeiro mês de 2008. Em fevereiro, 344.961 (2007) e 305.962 (2008). Em março, 421.873 (2007) e 285.635 (em 2008). Abril, 367.342 (em 2007), para 355.113 (em 2008).
Em maio, 406.671 (2007) ante 308.589 (em 2008). Junho fechou com 342.328 (em 2007) e 297.113 (em 2008). A menor oferta de animais gerou uma mudança em toda a cadeia da pecuária, desde o pecuarista, que tem recebido mais pelos animais. O preço médio, até o último dia 1º, estava na casa dos R$82,06, conforme apurado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), representando um leve aumento de 1,19%, se comparado às semanas anteriores.
Por outro lado, a instabilidade de mercado tem gerado incertezas nos pecuaristas estaduais. O gerente de pecuária Flávio Celestino Júnior, criador de aproximadamente 15 mil animais em Alta Floresta e Paranaíta, diz que apesar da recuperação nos preços ter sido boa, as incertezas e os excessivos custos de produção tem deixado o pecuarista apreensivo. "Hoje o momento é bom para quem conseguiu sobreviver de alguns anos, porém, o custo do bezerro de reposição, aumento do sal mineral, arame e outros insumos, além da elevada especulação no mercado futuro do boi gordo na BM&F tem dado uma sensação ao pecuarista que a tão esperada época das vacas gordas vai ser curta se é que já não acabou", expôs. "O medo da saúde financeira dos frigoríficos que também vivem na intranquilidade da volatilidade dos preços é mais uma ameaça ao tão merecido sono do produtor", acrescenta Flávio.
Mesmo com uma leve recuperação sobre o preço pago ao produtor, o gerente acrescenta - "Agora vivemos uma instabilidade sem saber para onde vão os preços, vão estabilizar e podemos investir? ou vão cair como já aconteceu e ao investir estaremos perdendo dinheiro, esta é a duvida", falou.
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