Mulher apanha tanto que tem os ossos da face quebrados
As aparências enganam. Depois três meses de convivência, a empregada doméstica J.S., 38, resolveu sair da cidade onde morava (que preferiu não identificar) para se aventurar numa fazenda próxima de Cuiabá com o novo marido. A tranqüilidade e o amor simplesmente desapareceram. Sob cárcere privado, ela passava o dia todo trancada dentro da casa, onde era vítima de espancamentos diários. Foram cinco meses numa agonia sem fim, houve momentos em que acredito que o fim estava próximo. Na última surra, sofreu fraturas nos ossos da face e quase ficou cega.
O caso só foi descoberto porque vizinhos suspeitaram que existia algo errado acontecendo. A libertação ocorreu há um mês e seis dias. Logo após denunciar à polícia, ela foi encaminhada à Casa de Amparo de onde só vai sair quando tiver condições de construir a vida. "Quase perdi a vida num minuto de bobeira, há 9 anos viúva, achei que havia encontrado o homem da minha vida, no começo ele era maravilhoso, mas depois mostrou quem ele era, um psicopata".
Viúva há 9 anos, J.S. tem três filhos adultos, que residem em outro Estado, mas nenhum deles faz idéia do que aconteceu. O medo é que tentem se vingar do ex-marido ou da família dele, que vizinhos no local. Instalada na Casa de Amparo, ela reflete sobre tudo que aconteceu e tenta deixar a violência no passado. "Quero ficar boa para voltar a trabalhar e toca minha vida, acho que toda experiência é válida, serve de lição, agora é ficar atenta para meus próximos relacionamentos, não quero repetir o mesmo engano".
A coordenadora da instituição, Eliane Vitaliano Coelho, pontua que as mulheres vítimas de violência permanecem o quanto necessitam para se reorganizarem. Algumas ficam até o encerramento do processo, outras conseguem uma colocação segura junto da família. O importante é preservar a vida delas - e dos filhos - e dar suporte para o recomeço. "Com a Lei Maria da Penha as políticas de atendimentos também surgiu a necessidade de políticas unificadas entre governos federal, estadual e municipal, a gente tem de atuar junto".
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