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Quinta - 31 de Julho de 2008 às 13:11
Por: Juliana Michaela

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Um homem foi preso em Sapezal após cobrar pelo serviço prestado a um "gato", agenciador de trabalho escravo, segundo denúncia apresentada no Ministério Público do Trabalho (MPT) de Mato Grosso. No momento da cobrança, houve discussão e briga e Ananias Carlos da Silva, 37 anos, que portava uma faca, acabou sendo preso. Segundo a denúncia, ele trabalharia em condição análoga à de escravo.

Natural de Alagoas, Ananias Silva mora em Tangará da Serra, recebeu R$ 1,5 mil pelos trabalhos prestados ao fazendeiro após um acordo entre o MPT, Superintendência Regional do Trabalho, o agenciador Raimundo Souza Pinto e o contador da fazenda Luiz Humberto de Souza.

"O gato é uma pessoa conhecida na cidade, tem um hotel que se chama Mato Grosso onde abriga trabalhadores e oferece trabalho ilícito. Raimundo Souza Pinto disse que presta serviço para vários fazendeiros da região e que quando precisam de pessoas o procuram", declarou o procurador-chefe do MPT, José Pedro dos Reis. "O fazendeiro é co-autor no crime de colocar trabalhadores em situação análoga de escravo, pois ele recebe benefícios com o serviço efetuado", disse.

De acordo com o procurador, Ananias Carlos da Silva denunciou as condições onde ele e outras pessoas se encontravam na fazenda. "Eles estavam alojados em barracos de lona, as necessidades fisiológicas eram feitas no mato e no chão, eles dormiam em cama feita de vara, tinham que beber água de córrego, a comida era fornecida uma vez por semana, durava o arroz e feijão, mas não completava a semana a carne, o açúcar, o café, a comida era servida em bacias plásticas, os barracos ficavam cerca de 7 km da fazenda", afirma.

Segundo Reis, o proprietário da fazenda onde Silva prestou o serviço poderá ser multado por dano moral coletivo em até R$ 1 milhão, além de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta.

Silva afirma em relato ao MPT que, quando encontrou Raimundo Souza Pinto para cobrar o dinheiro, ele foi espancado e obrigado a assinar um documento. "Marcamos um encontro, no momento que ele me viu começou a me xingar e falei que queria receber meu dinheiro. Mandou pegar a minha identidade, me entregou um vale de R$ 220 e falei que não iria receber esse valor. Ele viu a faca no meu bolso, tomou ela e juntamente com três pessoas começou a me bater. Depois me fez assinar o documento a força. Em vez dele me dar o dinheiro, o gato tirou R$ 40 entregou na mão do proprietário do hotel e o restante do dinheiro pegou de volta."

De acordo com ele, "o dono do hotel chamou a polícia e quando chegou me perguntaram se o Raimundo havia me batido eu confimei. Só que nesse momento, ele chamou a polícia para conversar uns 7 m de distância, e depois fui levado para delegacia onde permaneci preso do sábado até segunda-feira.

Ananias Silva relata que fez o exame de corpo e delito após sair da delegacia, o médico disse que não precisava pegar o resultado pois ia ser entregue para a própria polícia. A assessoria de imprensa da Polícia Civil foi procurada para falar sobre a prisão do trabalhador, mas não retornou.

No depoimento ao MPT, Raimundo Souza Pinto disse que Silva trabalhou apenas 15 dias, acertou parte do dinheiro e depois ele trabalhou mais três dias. Ele destacou que precisava de um pedreiro para trabalhar na Fazenda Milani, confirmou que tem um hotel em Sapezal denominado Mato Grosso, onde abriga trabalhadores de fazenda que são postos à disposição dos fazendeiros. Ele afirmou que é um "gato" que só pega serviços pequenos e já teve no máximo 10 obreiros, a maioria não tem documentos e após o trabalho leva os trabalhadores para expedição de documentos.

O representante da Fazenda Milani, o contador José Humberto dos Santos disse que a fazenda acertou com o trabalhador, que ele não tem provas do que está dizendo e que o dono da fazenda não pode ser prejudicado porque não tem nada relação com o acontecido. "Os trabalhadores tinham local para ficar na fazenda, mas eles que preferiram ficar no barraco porque queriam pescar", disse Santos.





Fonte: Terra

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