'Peso de bebês pode determinar saúde cardíaca'
Pesquisadores britânicos dizem ter encontrado a primeira prova de que crianças que tinham peso menor ao nascer já apresentavam alterações específicas no funcionamento do coração e dos vasos sangüíneos na infância.
O estudo dos cientistas da Universidade de Southampton pode ajudar a explicar a razão de bebês que nascem com pouco peso terem mais chances de desenvolver doenças cardíacas na idade adulta.
A pesquisa foi divulgada na publicação científica European Heart Journal.
Os pesquisadores analisaram 140 crianças, com idades entre oito e nove anos, que passaram por testes psicológicos envolvendo situações de estresse. As crianças eram bebês saudáveis e estavam dentro da média de peso normal ao nascerem.
Todos tiveram que participar de uma tarefa em que tinham que falar em público, contando uma história. Em seguida, tinham que fazer contas mentais.
Durante estas tarefas, o desempenho do coração e do sistema circulatório das crianças foi registrado com a ajuda de sensores elétricos.
"Em meninos descobrimos que quanto mais baixo era o peso no nascimento, dentro da média normal, maior era a probabilidade de terem resistência vascular - a resistência ao fluxo que precisa ser superada para empurrar o sangue pelo sistema circulatório - e pressão sangüínea mais alta, particularmente depois de 25 ou 30 minutos depois do início do teste", afirmou Alexander Jones, que liderou o projeto.
Meninas
No teste as meninas não apresentaram o mesmo resultado.
"Meninas que eram menores ao nascerem não demonstraram uma resposta específica ao estresse", afirmou Jones.
"De forma consistente, sob estresse ou não, elas mostraram provas de maior atividade no sistema nervoso simpático, a parte do sistema nervoso que controla ações involuntárias e fica mais ativa em situações de estresse, contribuindo para uma resposta do tipo 'lutar ou fugir'", acrescentou.
"Esta é a primeira prova da relação entre tamanho no nascimento e o funcionamento do coração e vasos sangüíneos na infância."
"As diferenças entre os sexos são impressionantes e podem levar à melhor compreensão da razão de homens e mulheres desenvolverem pressão alta e doenças vasculares ou cardíacas em épocas diferentes de suas vidas", disse.
Hipertensão
As descobertas do estudo podem se juntar às crescentes provas que sugerem que a forma que o coração e os vasos sangüíneos funcionam em situações de estresse revelam características pessoais associadas a maior risco de hipertensão e doenças do coração ou dos vasos sangüíneos.
"Temos razões para acreditar que as crianças com respostas mais exageradas ao estresse têm mais chances de se transformarem em adultos que desenvolvem hipertensão e doenças cardíacas ou vasculares mais cedo do que aqueles não demonstram respostas mais fortes", afirmou Jones.
O cientista afirmou que, ao destacar estas mudanças cardíacas e circulatórias na criança em desenvolvimento, eles poderão, no futuro, desenvolver intervenções que visam as origens das doenças cardíacas e circulatórias.
"Estas doenças são as maiores causas de morte do mundo, mas suas causas ainda não são muito compreendidas e grande parte da atenção médica se volta para medidas paliativas, quando (as doenças) já ocorreram", afirmou.
"Meus estudos e estudos futuros vão se concentrar cada vez mais na infância em um esforço para entender melhor os processos que levam à doença e como revertê-la antes que seja tarde demais."
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