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Nacional
Quarta - 23 de Julho de 2008 às 10:18

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A mãe da menina de 3 anos que contraiu o vírus HIV misteriosamente em Santa Catarina afirmou que pensou em morrer quando descobriu que a filha era soropositivo. Ela disse que o "objetivo de sua vida" é descobrir como a criança acabou contaminada. "Cheguei a rezar para ter o vírus e acabar de uma vez com essa dúvida."

O caso ocorreu na cidade de Balneário Camboriú, localizada a cerca de 80 km de Florianópolis, e gerou uma crise no sistema de saúde do município. Os pais da garota não são soropositivos e ela não passou por nenhum procedimento cirúrgico em que pudesse ser contaminada.

Exames realizados na criança descartaram a possibilidade de ter ocorrido qualquer tipo de abuso sexual. A suspeita do contágio, diagnosticado no final de julho de 2007, recaiu sobre o hospital onde a garota nasceu.

A mãe da menina, que prefere não se identificar com medo do preconceito que possa enfrentar, revelou que o vírus foi descoberto depois que sua filha apresentou um quadro de herpes. Exames apontaram que ela era portadora do HIV. Depois disso, segundo ela, sua vida se transformou num grande pesadelo.

"Faltou o chão. Até que eu e meu marido realizássemos o DNA, pensamos em traição, quase nos separamos e confesso que cheguei a pensar que se morrêssemos os três de uma só vez esse pesadelo acabaria", afirmou. "Foi um pesadelo. Essa dúvida, essa incógnita. Isso acaba com a gente. É meu direito saber o que houve com a minha filha."

O casal se submeteu a três exames e os resultados foram sempre negativos. Nove familiares, entre tios e primos que mantinham contato com a garota também realizaram testes de HIV. Todos deram negativo.

A jovem de 23 anos revela ter decido tornar o caso público após perambular durante quase um ano atrás de médicos e diretores do sistema de saúde da cidade. Ela queria uma resposta sobre o que poderia ter acontecido.

"Ninguém se propôs a me ajudar. Muitos disseram que não poderiam fazer nada e que eu tinha era que usar meu tempo para cuidar de minha filha", afirmou. "Não sabemos o que pensar, o único local em que ela pode ter tido contado com o vírus é a maternidade."

A criança passa bem e, segundo a família, não tem registrado outras manifestações da doença. Na última quarta-feira, técnicos de saúde do governo de Santa Catarina e da prefeitura de Balneário Camboriú participaram de uma reunião para avaliar a contaminação.

"Profissionais do setor de Vigilância Epidemiológica vão avaliar prontuários e documentos do hospital onde ela nasceu para tentar descobrir como pode ter ocorrido o contágio", afirmou Andréia Bittencourt, técnica da Vigilância Epidemiológica de Balneário.

A advogada Cláudia Boeira da Silva, que atende voluntariamente no Grupo de Apoio à Prevenção de Aids (Gapa) de Florianópolis, destacou que pretende entrar com uma ação indenizatória contra o Estado e a prefeitura na próxima semana. "Vamos pedir a tutela antecipada, para que o Poder Público se responsabilize por todo o tratamento da menina e assistência psicológica da família enquanto o contágio é apurado."

A mãe da menina se emociona fortemente cada vez que toca no assunto. Ela garante que a indenização financeira seria uma "questão menor" e que sua grande preocupação é com o que dizer à filha no futuro.

"Alguém tem que pagar, ser punido por isso. Uma criança que nasce sadia e, de repente, é portadora do HIV sem mais nem menos", disse. "Meu objetivo é poder dar uma explicação à minha filha sobre como ela contraiu o vírus. Ela vai crescer e perguntar por que toma remédios. E não quero que pense que não cuidei direito dela."





Fonte: Redação Terra

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