Ataque de onças diminuem fluxo de turistas no Pantanal de Mato Grosso
Já a família que perdeu o filho, sofre com a dor. A vida do catador de iscas é marcada por uma tragédia. Alonso Silva Lara, perdeu o filho, morto pela onça. " É sofrido. A gente é trabalhador. Eu criei ele nesta luta", desabafa.
Luiz tinha 21 anos e havia deixado os estudos para trabalhar com o pai. Eles estavam em um acampamento próximo à reserva ecológica Taiamã, a 240 quilômetros de Cáceres, região do Pantanal de Mato Grosso. O rapaz foi atacado quando dormia. O pai pediu a ajuda de outros pescadores para encontrar o corpo do filho. " "Eu não estava preocupado se ela (onça) iria me pegar. Eu queria ver meu filho. Ela carregou ele por mais de 100 metros. Ela acabou com o nosso acampamento", informou.
Nesta época de estiagem, áreas de barranco estariam ocupadas por turistas e pescadores. Mas os acampamentos ao longo do rio Paraguai diminuíram. Um dos motivos é a presença freqüente de onças. Os visitantes estão com medo e até mesmo os moradores antigos da região ficam preocupados.
Para o pescador, José Faria, com mais de 40 anos de Pantanal, a falta de comida pode explicar o ataque recente da onça contra o jovem. "A carne para ela (onça) está acabando. Ela come carne e peixe. A caça dela está acabando e nós não sabemos o que iremos fazer", disse.
Mas o pescador também reconhece que o animal pode estar sentindo ameaçado. "Nós pescadores profissionais e o povo cacerense colocamos confiança com esse tipo de bicho. Ela chega próximo ao nosso acampamento e nós não importamos com isso. Elas pegam nosso peixe e isso é normal. Percebemos quando elas andam em nosso acampamento. Nós achamos bonito quando a vemos em cima de um barranco, mas ultimamente não está sendo bonito", ressaltou.
Filho de um pescador, o biólogo Manoel dos Santos fez o caminho inverso, o da preservação ambiental. O especialista em mamíferos diz que muitos visitantes e pescadores perderam a noção do perigo ao entrar no Pantanal."Uma sugestão para as pessoas que gostam de visitar o Pantanal é ter um pouco mais de respeito com esses grandes predadores. Nós não estamos falando de um pequeno gato, mas de um grande gato que tem uma força muito grande", observa.
Durante o acasalamento, especialistas dizem que as onças ficam estressadas. Como o contato como felino está cada vez mais comum, o Centro Nacional de Predadores (Cenap), vinculado ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai traçar um plano com agências de turismo e profissionais da pesca da região. A idéia é diminuir os riscos sem caçar o maior predador do país. É o que garante o pesquisador do órgão, Rogério de Paula. "A principal coisa é escolher locais ideais para fazer os acampamentos e fazer um cercamento com alambrado nesses locais. Assim, uma barreira física seria montada e novos conflitos seriam evitados", informa.
O turismo de pesca é uma das fontes de renda na região. Mas com a possibilidade de um novo ataque, a pesca no pantanal já não está mais nos planos de muita gente. Para o experiente José Faria os hábitos a partir de agora devem ser outros. " Com o acidente que ocorreu iremos mudar nossa forma de trabalho. Agir diferente", disse.
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