Prazo para conciliação entre grevistas e Correios termina hoje
O presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho), ministro Rider Nogueira de Brito, aguarda até o meio dia desta quinta-feira um entendimento entre trabalhadores e ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) para encerrar a greve que já dura 17 dias. Caso as partes não apresentem um acordo, será marcada uma data para o ministro do TST Maurício Godinho Delgado julgar a ação de abusividade proposta pela empresa.
Até as 10h de hoje, sindicalistas afirmaram que não conseguiram fechar com a direção da empresa o fim da greve. Após todos esses dias parados, a categoria incluiu na pauta de reivindicação a criação de uma força tarefa para colocar a entrega de correspondências em dia e os Correios não descontar os dias parados.
A greve começou com os funcionários reclamando que os Correios não fizeram a incorporação de 30% de adicional de periculosidade nos salários, negociação do plano de carreira e participação nos lucros, que estariam previsto no acordo firmado em novembro do ano passado e ratificado em abril deste ano.
A empresa afirma que o compromisso foi cumprido, com a adoção do plano de carreira e o pagamento de um adicional de R$ 260 já na folha deste mês.
Durante toda a tarde e início da noite de ontem, o presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, esteve reunido com representantes da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares) para negociar, sem sucesso, o fim da greve.
Segundo José Gonçalves de Almeida, do comando de greve da Fentect, um acordo para o fim imediato da greve esbarra na proposta dos Correios de descontar 50% dos dias parados e conceder o adicional de 30% durante três meses. Nesse período, segundo a proposta, empresa e funcionários tentariam um entendimento definitivo.
Adesão
Sem informações atualizadas nesta quinta-feira, os Correios informaram ontem que 126 milhões de correspondências deixaram de ser entregues --das 360 milhões encaminhadas. Além disso, 435 mil encomendas também não chegaram a seus destinatários.
A greve atinge 21 Estados mais o Distrito Federal e conta com a adesão de 18% do total dos trabalhadores --110 mil empregados-- e 27% dos carteiros --53 mil.
Transtornos
Enquanto funcionários fazem greve, indústria e comércio reclamam dos transtornos causados e avaliam que os prejuízos em seus negócios só poderão ser contabilizados após o fim da paralisação. Comerciantes tem problemas com atrasos na entrega dos boletos de cobranças e a indústria dificuldades de envio de mercadorias.
Com o problema de greve nos Correios, que é estatal, os clientes procuram serviços privados de entregas, que custam mais caros.
O STF (Supremo Tribunal Federal) analisa, desde novembro de 2003, a quebra do monopólio dos Correios na entrega de correspondências. A ação foi proposta pela Abraet (Associação Brasileira das Empresas de Distribuição) e, desde o início do processo, cinco dos 11 ministros do Supremo votaram a favor da manutenção do monopólio. Não há data para a retomada do julgamento.
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