Trabalhadores eram mantidos como "escravos" há dez anos em MT
Durante a fiscalização confirmou-se a informação de que havia sete empreiteiros e subempreiteiros. Juntos, eles mantinham cerca de cem trabalhadores em quatorze conjuntos de barracos. Nesses conjuntos os números de barracos eram variáveis. A maioria dos empregados eram roçadores e alguns cozinheiros.
O tempo de serviço varia entre quatro dias e dez anos. Todos trabalham por uma diária de R$25,00 (vinte e cinco reais). Os alojamentos são, em sua maioria, construídos de lona preta e tala de coco apoiados sobre estacas de madeira retiradas da mata. As pessoas dormem em “camas” feitas de bambu, pelos próprios ocupantes dos barracos. A água consumida é retirada dos córregos localizados nas proximidades das instalações.
Ressalte-se que é a mesma água consumida pelos animais. Não há instalações sanitárias no local. Os trabalhadores têm que percorrer longas distâncias caminhando para chegar à cidade.
Além dessas e muitas outras irregularidades que caracterizam a degradação das condições de trabalho, foram encontrados oito menores trabalhando e vivendo na mesma situação. Os trabalhadores também disseram que muitos já foram vítimas de picadas de cobra, pois, conforme declarações havia grande quantidade desses animais, que eram mortos e seus chocalhos eram vendidos para o proprietário a R$5,00 (cinco reais) cada.
Encerrada a fase de inspeção física, o Grupo de Fiscalização iniciou os procedimentos para retirada dos empregados da fazenda, registro das CTPS e rescisão dos contratos de trabalho. O montante das verbas trabalhistas aproxima-se de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Além desse valor, será paga aos trabalhadores uma indenização por danos morais individuais, também no mesmo valor. Essas verbas totalizam quase R$1.000.000,00 (um milhão de reais). Além disso, negociou-se o pagamento de indenização por danos coletivos que também se aproxima do montante de R$1.000.000,00 (um milhão de reais). O proprietário deverá fazer o pagamento aos trabalhadores até o fim desta semana, após isso será encerrada a ação do grupo Especial de Fiscalização Móvel Estadual criado pela Superintendência Regional do Trabalho em Mato Grosso, informou Renata Vieira, Auditora Fiscal do Trabalho e Coordenadora do GEFME.
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