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Domingo - 09 de Junho de 2013 às 14:10
Por: PRISCILLA VILELA

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Líder do governo desde o início da gestão Silval Barbosa (PMDB), o deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB) afirma estar desconfortável com o acúmulo do posto ao de presidente da Assembleia Legislativa, cargo que ocupa desde o afastamento de José Riva (PSD). 

O peemedebista diz enfrentar desgastes para atuar na defesa do governo e, ao mesmo tempo, ser o condutor das discussões entre parlamentares, além de figurar como nome forte dentro do partido. 

Ele espera permanecer na presidência da AL por pouco tempo. Enquanto isso, tenta exercer de forma justa os dois postos. Apesar disso, demonstra que seu maior “protegido” é justamente Silval. 

Ao Diário, Romoaldo ainda falou dos assuntos “espinhosos” ao governo em pauta no Legislativo estadual e sobre as articulações dentro da legenda peemedebista sobre o pleito de 2014. 

Adiantou que vai tentar a reeleição e que está pronto para ajudar Mato Grosso por mais quatro anos, independente de quem assuma o governo do Estado pelos próximos anos. 

Diário - O senhor pode fazer um balanço de como encontrou a presidência da Assembleia Legislativa? 

Romoaldo Júnior - Não sou presidente de fato, estou procurando conduzir da melhor forma possível. Mas a Casa está encaminhando. Estou ajudando o deputado Mauro Savi (PR) na parte administrativa, que cabe ao primeiro-secretário. A Assembleia Legislativa está dentro da normalidade. 

Diário - Sabe-se que o deputado José Riva (PSD) é considerado um líder nato no Parlamento. Como tem sido a relação dele e do senhor em relação à presidência? Ele tem atuado ou colaborado de alguma forma desde seu afastamento? 

Romoaldo Júnior - Ele está tranquilo. Recebeu a decisão e não tem dado “pitaco” nem palpite nas ações que tenho que fazer. Ele tem nos deixado tomar as decisões. A partir do momento que ele foi notificado da decisão que determinava seu afastado, veio até mim e falou que, a partir de agora, eu era o presidente, que as decisões que eu tomasse teriam o respaldo de todos e me desejou boa sorte. Mas eu torço que ele consiga reverter o processo e retornar.

Diário - Como está sendo assumir a presidência nessa situação por determinação de ordem judicial? 

Romoaldo Júnior - Está sendo muito complicado assumir em uma situação dessas. Eu queria ser presidente, mas sendo eleito, tomando posse, implantando o meu ritmo de administração. É complicado. Espero mesmo que o Riva possa retornar para o cargo, até porque ele faz um bom trabalho. Além de articulador, ele tem uma discussão de trabalho ótima. 

Diário - Como presidente o senhor elegeu alguma prioridade? Algum projeto de que achou que deveria ser apreciado com mais urgência, alguma discussão? 

Romoaldo Júnior - A discussão está andando normalmente. Não é porque sou presidente que vou acelerar. Tem projetos bons meus em andamento, mas não vou aproveitar para que eles andem mais rápido. A única coisa que eu levei ao Colégio de Líderes é a questão de que os deputados estejam mais presentes na “ordem do dia”. Pretendo que seja obrigatório que, neste momento da sessão, os deputados estejam no plenário. Não vai ser tão radical quanto esse projeto de Goiânia, de que os deputados vão ter que assinar uma lista quando chegam, durante a sessão e ao final. Mas a “ordem do dia” tem que ser respeitada. Vou tentar garantir isso para garantir quorum. 

Diário - No mesmo dia da decisão que afastou do deputado José Riva da Assembleia o senhor disse que não poderia continuar como líder do governo. Até hoje o governador não escolheu um substituto para esta função. Como tem sido conciliar as duas tarefas? 

Romoaldo Júnior - Se eu ficar em definitivo na presidência, vou ter que me afastar da liderança. Mas se for provisório, como estou agora, vou continuar. É complicado. Estou na cadeira de presidente e tenho que ficar na liderança defendendo o governo. Mas isso tem que ser feito. Mas é algo que me incomoda. 

Diário - Mas o senhor já havia pedido para que o governador escolhesse outro líder quando o senhor foi eleito para a mesa diretora, no final do ano passado. Essa mudança não ocorreu até agora e acarretou na situação. Como o senhor avalia? 

Romoaldo Júnior - O governador já conversou comigo. Sugeri outros nomes a ele, como o deputado Alexandre César (PT) e a deputada Teté Bezerra (PMDB). Entreguei a liderança quando fui eleito, mas todos os deputados, com exceção do Ademir Brunetto (PT), pediram para que eu ficasse. Agora, no entanto, é diferente. 

Diário - Foram especulados alguns nomes para a liderança, mas a maioria destes deputados diz que não tem interesse no posto. Ao o que o senhor atribui essa rejeição à liderança do governo? 

Romoaldo Júnior - Por que é “bucha” né?! Na liderança você tem que ser um exímio articulador. Tem que “puxar orelha” de secretário, estar muito atento às matérias do governo. São questões como uma emendinha, às vezes, no orçamento que pode inviabilizar o governo. Você tem que estar muito ligado a isso, além de estar sempre muito presente. Não sobra muito tempo para fazer campanha. Você tem que estar de segunda a quinta nesse trabalho. Tem muito deputado que não tem interesse como, por exemplo, o Alexandre César, que tem outras atividades, ou o (Hermínio J.) Barreto, que fica muito tempo em Rondonópolis. Mas vamos achar alguém. Por enquanto, eu sou apenas presidente em exercício e não se faz necessário. 

Diário - Numa Casa em que a maioria esmagadora dos parlamentares é da base de sustentação do governo, a liderança é assim tão necessária? 

Romoaldo Júnior - É necessária porque, por mais tranquilidade que o governo tenha, a Assembleia é uma Casa de temperaturas. Na hora que a temperatura está aquecida, o governo já perdeu votações. É raro, mas já perdeu em vetos. Então, não é porque você tem essa maioria, que se tem tranquilidade. Além disso, a tendência é que, do segundo semestre em diante, esta temperatura comece a ficar mais aquecida ainda, porque começa o período de discussão pré-eleitoral. O governo tem que estar muito atento. E mais, ser líder não é só concordar com o governo. Já cansei de mostrar que o governo estava errado. Líder tem que mostrar também que o governo erra e tratar a oposição com respeito. Muitas vezes a oposição ajuda. 

Diário - O governador deve viajar para a Espanha em breve e o vice-governador Chico Daltro (PSD) terá que se afastar da Secretaria de Estado de Cidades para assumir o governo interinamente. O senhor acredita que a polêmica sobre a dupla função dele pode voltar à tona? 

Romoaldo Júnior - Acredito que não. Não sei quantos dias que ele (Silval Barbosa) vai ficar fora. Ele ainda não confirmou que vai nessa viagem, mas está previsto uma ida ao exterior. O substituinte imediato dele é o Chico Daltro, mas se ele decidir falar que não sai da secretaria de Cidades, eu assumo o governo. Me sinto preparado. 

Diário – E realmente há alguma possibilidade do vice-governador abdicar do cargo de governador interino e do senhor assumir? 

Romoaldo Júnior – Não. Ele é o substituto imediato. Isso não altera nada. 

Diário - E quanto ao secretário de Saúde, Mauri Rodrigues, o senhor acredita que a polêmica envolvendo ele e o PP chegou ao fim? 

Romoaldo Júnior - Silval achou um homem destemido que quer consertar a Saúde. Ele (Mauri) é uma pessoa séria, decente, obstinada. Eu conheço ele. Vai enfrentar algumas questões dentro da secretaria e fora dela, até porque, esse segmento da medicina é complicado. Vai ter alguns enfrentamentos, mas ele vai dar conta de resolver. O governador está decidido a dar condições orçamentárias para que ele ponha em ordem a Saúde. 

Diário - O senhor acha que o governador vai esperar somente a “poeira abaixar” para, posteriormente, exonerar o Mauri Rodrigues da SES? 

Romoaldo Júnior - O governador já falou que o Mauri Rodrigues fica, nem que seja na cota dele. Mauri conseguiu mostrar para o Silval, em poucos dias, que ele quer acertar. 

Diário - Outro assunto envolvendo um secretário que voltou a ser debatido é o caso dos “superpoderes” do Marcel de Cursi, titula da pasta de Fazenda. Como estão as negociações entre o governo e a AL neste sentido? 

Romoaldo Júnior - Ele não tem “superpoderes”. Está tomando as medidas que deveriam ter sido tomadas em 2011. Está contendo os gastos, buscando o equilíbrio financeiro do Estado. Contendo os déficits com mãos de ferro. Ele tem o apoio do governador e tem o respaldo de muitos deputados. Acho que ele está correto. De vez em quando, ele exagera um pouquinho na dose, mas acho que ele está correto. 

Diário - O governo também enfrenta a possibilidade de uma nova CPI: a do Fethab, proposta pelo deputado Márcio Pandolfi. O deputado tem dito que foi a "mão do governo" que evitou a instauração até agora. Como o governo tem lidado com estas denúncias? 

Romoaldo Júnior - Primeiro que não existe isso. Já tem três CPIs funcionando na Casa. Não pode ter a quarta. E outra, ele não tem assinaturas suficiente e não vai ter. Os deputados sabem para onde está indo os recursos do Fethab: para a Copa do Mundo, construção de casas, pagamento de maquinários que foi financiado lá atrás. É tudo isso, não tem erro. Isso é um discurso. Não houve nenhuma articulação do governo para derrubar assinaturas. O que houve é que o deputado Adalto de Freitas (o Daltinho - PMDB) saiu porque não podia estar na Assembleia batendo no governo. Chamamos a Teté para voltar. Não houve nenhuma articulação para derrubar a CPI. O governador nem falou com a Teté Bezerra para que ela voltasse. Quem falou com ela fui eu, na condição de líder, porque era inadmissível o comportamento do Daltinho. Isso é discurso de oposição. 

Diário - A gestão de Silval Barbosa tem enfrentado momentos difíceis em que, até mesmo os deputados da base aliada, fizeram duras críticas. O senhor avalia que o governo está no rumo certo? Que tipo de mudanças são necessárias para que Silval feche seu mandato com sucesso? 

Romoaldo Júnior - Esse é um governo que tem que continuar os oito anos do governo Blairo Maggi, enfrentar o problema que ele enfrentou no começo: majorar e fazer realinhamento salarial de todos os servidores do Estado, todas as categorias. Além de enfrentar as cartas de crédito, que foi uma sangria no poder público e, ainda, fazer uma Copa do Mundo. Nenhum governador da história passada e nem da história futura terá uma responsabilidade de executar um projeto mundial como é a Copa de 2014. A gestão está no rumo certo. O próximo governador, mesmo com o MT Integrado, vai pagar menos para tudo porque Silval renegociou muitas dívidas. 

Diário - O senhor acha que Silval tem chances de terminar o mandato avaliado positivamente pelo eleitorado? 

Romoaldo Júnior - Quando terminar as obras da Copa, o MT Integrado estiver funcionando e a Saúde estiver sendo consertada, ele vai terminar o mandato de forma muito positiva. 

Diário - Sobre as eleições, como estão as negociações dentro do PMDB? O partido deve ter um candidato próprio à sucessão do governador ou deve compor alguma aliança para fortalecer a candidatura de Silval ao Senado? 

Romoaldo Júnior - A decisão é que o PMDB tenha candidatura própria. Temos nomes dentro do partido que têm condições de disputar o governo do Estado. Acho que Silval tem tudo para ser candidato ao Senado e acho que, para Mato Grosso, a candidatura dele seria muito boa. Ele tem uma ótima relação com a presidente Dilma Rousseff (PT) e eu a vejo sendo reeleita para mais quatro anos. 

Diário - E quanto à possibilidade de Eder Moraes disputar o governo? Como isso tem sido tratado dentro do partido? Ele já anunciou interesse no cargo. 

Romoaldo Júnior - Acho que isso é falta de assunto. Temos muita coisa importante para discutir. Da minha parte não vejo chances dele de disputar. 

Diário - E quanto ao senhor, deve disputar a reeleição ou vai tentar outro cargo? Por quê? 

Romoaldo Júnior - Sou candidato à reeleição. Gosto do Parlamento e tenho procurado fazer um bom trabalho aqui. Tenho tudo para ajudar o próximo governo, seja quem for, do PMDB ou até mesmo o senador Pedro Taques (PDT). 





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