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Sexta - 11 de Julho de 2008 às 17:28

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Os personagens que fazem parte do folclore brasileiro estão em polvorosa depois que o saci foi lançado pré-candidato a mascote da Copa do Mundo que será realizada no Brasil em 2014.

A idéia de ter um dos mais famosos mitos do país ilustrando material publicitário mundo afora surgiu há pouco mais de um mês, durante uma das reuniões mensais da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci), uma entidade sem fins lucrativos que busca manter viva as lendas e tradições brasileiras e tem sede em de São Luís do Paraitinga, a 182 km de São Paulo. “A idéia surgiu meio de brincadeira, mas uma brincadeira que acabamos levando a sério”, conta Mário Candido, presidente da Sosaci.

A candidatura do saci a mascote ainda não é oficial, mas os seus defensores já estão colecionando argumentos de defesa. O jornalista Mouzar Benedito, um dos membros da Sosaci, deu o pontapé inicial da campanha ao lançar um manifesto em defesa do personagem. “Não seria preciso pagar direitos autorais a ninguém. No máximo, o que poderia ser feito é um concurso entre cartunistas para escolher o melhor desenho [caracterizado de mascote]”, argumenta.

“Esse é um mito bem conhecido de Norte a Sul do país. O saci também tem uma característica muito parecida com a do brasileiro, que é ser brincalhão e criativo, mesmo tendo uma perna só”, defende Candido, que tenta deixar claro que não há xenofobia na campanha. “Não é recorrer a um nacionalismo cego, mas o de valorizar o que o próprio povo do país criou”.

Apesar do tom de brincadeira e diversão da campanha, Candido conta que tem percebido a resistência de algumas pessoas. “Alguns dizem: ‘Como um menino de uma perna só pode ser mascote de uma Copa?’ Mas eu digo que o saci é tão esperto e consegue fazer de tudo com uma perna só, que tomara que ele sirva de inspiração aos jogadores de futebol”, dispara.

Árvore genealógica

Apesar de se tornar conhecido em todo o Brasil graças ao escritor Monteiro Lobato e ao “Sítio do Pica-pau Amarelo”, o saci tem sua origem em uma lenda indígena, segundo Mário Candido. O “saciólogo”, conta que ele era um curumim, não era negro e tinha as duas pernas. Com a chegada dos escravos, diz Candido, a lenda do saci foi incorporada à cultura dos africanos que aqui viviam. Assim, o personagem ficou negro, ganhou um cachimbo e ficou perneta.

“Dizem que o saci negro foi inspirado em um escravo jovem que tinha uma das pernas presa a grilhões. O escravo teria preferido perder uma das pernas e ser livre a continuar com as duas, mas acorrentado”, conta Candido.

Mas ainda falta um detalhe: o gorro vermelho. Aí, diz o “saciólogo”, reza a lenda que o gorro vermelho veio dos europeus, que têm vários mitos que carregam esse acessório na cabeça. Mas também, “dizem por aí”, que o gorro vem dos escravos da Roma Antiga, que ganhavam um gorrinho vermelho quando conquistavam a liberdade.

Segundo a lenda, o saci gosta de perturbar o sossego alheio ao assustar os animais da floresta, dar nó na crina dos cavalos e ainda entrar na cozinha das casas para derramar leite e queimar a comida que estiver cozinhando no fogão. Mas tudo não passa de uma brincadeira de criança.

No entanto, ele também é tido como mau agouro. “A colonização européia fez com que a imagem do Saci fosse associada a coisas ruins com o propósito de fazer com que os índios e os negros se desligassem da sua cultura”, afirma Candido. “Mas Monteiro Lobato deu uma outra conotação ao saci, mostrando que ele é parte da nosso folclore”.





Fonte: G1

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