Parlamentares que investigaram "mensalão" se dizem surpresos com prisões
Parlamentares da CPI dos Correios que investigaram o escândalo do "mensalão" no Congresso receberam com surpresa nesta terça-feira a notícia da prisão do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, do investidor Naji Nahas e do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Os três foram presos pela Polícia Federal na Operação Satiagraha por desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro.
O esquema foi descoberto com base nos desdobramentos das investigações do caso "mensalão. O relator da extinta CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse acreditar que ramificações do caso resultem em novos escândalos a serem descobertos pela PF e Justiça com os envolvidos no esquema.
"Há pendências em relação aos fundos de pensão. Tenho a convicção de que teremos também responsabilização no que diz respeito aos fundos", afirmou. Serraglio disse que a CPI suspeitava da ligação de Dantas com o publicitário Marcos Valério, mas não reuniu nenhum indício de envolvimento de Pitta e Nahas no esquema de desvio de recursos públicos.
"Apuramos que o Marcos Valério agradava o Dantas na medida em que o presidente do banco Opportunity o aproximava daqueles que comandavam o esquema. A previ havia tirado o Dantas da sua direção, ele precisava se aproximar do governo. O Marcos Valério servia para isso e ele, em troca, contratava empresas do Marcos Valério", disse Serraglio.
O relator disse que a operação da PF mostra que os trabalhos da CPI não terminaram em "pizza", uma vez que vem trazendo resultados práticos na apuração de crimes contra o patrimônio público. Assim como Serraglio, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que foi presidente da CPI dos Correios, também comemorou os desdobramentos das investigações.
"Acho que outros órgãos como o Ministério Público, Supremo Tribunal Federal e Polícia Federal tiveram muito mais tempo para investigar do que nós. Era impossível a CPI ter o nível de profundidade que esses órgãos têm. Obviamente, muitas informações que saíram da CPI deram resultado", afirmou.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que foi um dos sub-relatores da CPI dos Correios, criticou a demora na investigação dos desdobramentos tanto pela PF quanto pelo Poder Judiciário. "Demorou até demais. Eram muitas frentes de investigações. A gente [CPI] sempre sustentou que o volume de recursos movimentados no valerioduto era muito maior, especialmente com o envolvimento de doleiros", afirmou Fruet à Folha Online.
A exemplo de Serraglio, Fruet disse que a CPI não reuniu elementos contra Nahas e Pitta, mas chegou a pedir o indiciamento de Dantas no final dos trabalhos. "A investigação tinha o Daniel Dantas no que diz respeito à operação de fusão da Brasil Telecom com a Oi. Mas tinha empresas, que a gente não tinha tempo de investigar, que contratavam empresas do Marcos Valério", afirmou Fruet.
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