Café em excesso pode afetar fertilidade, diz estudo
Uma pesquisa de uma universidade da Holanda afirma que café em excesso pode reduzir as chances de gravidez em mulheres que já têm problemas de fertilidade.
Os cientistas da Universidade Radboud, em Nijmegan, pesquisaram 9 mil mulheres que tinham recebido fertilização in vitro para ver se engravidavam naturalmente.
Cerca de uma em cada sete conseguiu. Mas a pesquisa mostrou que as chances de concepção diminuíram em cerca de 26% entre as mulheres que bebem mais de quatro xícaras de café por dia.
Os pesquisadores estudaram todas as mulheres que tinham recebido o tratamento de fertilização in vitro na Holanda entre os anos de 1985 e 1995.
Eles descobriram que 16% das mulheres acabaram concebendo naturalmente e 45% dentro de seis meses do último tratamento.
Especialistas afirmam que as descobertas se aplicam apenas a mulheres com baixa fertilidade, que querem maximizar suas chances de gravidez.
Bea Linsten, que liderou a pesquisa, afirmou em uma conferência que as pacientes precisam ser aconselhadas sobre formas de aumentar as chances de uma gravidez natural.
"Temos que lembrar nossas pacientes de que elas podem influenciar suas chances de uma gravidez espontânea depois do (tratamento de) fertilização in vitro com um estilo de vida saudável", afirmou ela na conferência da Sociedade Européia para Reprodução Humana e Embriologia, em Barcelona.
Fumo e álcool
No acompanhamento das mulheres entre 1985 e 1995, os pesquisadores usaram também questionários para analisar como outros aspectos do estilo de vida de uma mulher podem afetar as chances de gravidez.
Ingerir bebidas alcoólicas pelo menos três vezes pode semana apresentou o mesmo risco que o consumo excessivo de cafeína.
Fumar mais de um cigarro por dia e estar acima do peso reduziram ainda mais as chances de gravidez.
Segundo estimativas dos cientistas, uma mulher de 36 anos, fumante, que bebe muito café e bebidas alcoólicas, está acima do peso e que passou por três tratamentos de fertilização in vitro tem 5% de chance de uma gravidez natural.
Se esta mulher estivesse no peso considerado saudável e não fumasse ou ingerisse muita cafeína ou álcool, a chance aumentaria para 15%.
Cautela
Alguns especialistas em fertilidade afirmam que as descobertas do estudo holandês precisam ser examinadas com cautela.
"Apesar de os resultados do estudo serem interessantes, existem limitações claras nestas descobertas, pois pacientes que passaram por (um tratamento de) fertilização in vitro são um grupo seleto, que já teve problemas de concepção", disse Fiona Ford, do Centro para Nutrição na Gravidez, da Grã-Bretanha.
"Não há nada neste estudo que dá uma razão para mudar o aconselhamento às pacientes."
O professor Bill Ledger, especialista em fertilidade da Universidade de Sheffield, afirmou que a cafeína pode ter, potencialmente, um efeito moderado, porém tóxico, nos ovários e esperma, o que poderá ser um problema para aqueles com baixa fertilidade.
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