Procura pela poupança cai à metade no 1º semestre
O movimento coincide com a trajetória de alta da taxa Selic. Depois de dois anos em queda e chegar a 11,25% ao ano, nível mais baixo já registrado, os juros básicos da economia voltaram a subir em março passado e estão hoje em 12,25%.
Esse aumento torna mais rentáveis outras aplicações de renda fixa, como os fundos DI, que acompanham de perto a Selic. Em abril deste ano, depois do aperto promovido pelo BC, os saques feitos na caderneta se intensificaram e superaram os depósitos em R$ 1,85 bilhão. Foi a primeira vez em 20 meses que a poupança apresentou captação negativa.
Em 2007, a situação era inversa: com os juros em queda, a rentabilidade dos fundos de investimento atrelados ao DI ficava cada vez mais próxima da oferecida pela caderneta. Isso se explica, em boa parte, pela vantagem tributária que a poupança oferece, já que, ao contrário dos fundos, a aplicação é isenta de Imposto de Renda.
Além disso, os ganhos proporcionados pelos fundos também são reduzidos pelas taxas de administração cobradas pelos bancos. A diferença entre o retorno oferecido pelos fundos e os da poupança caiu tanto que o BC, pressionado pelas instituições financeiras, chegou a mudar a regra do cálculo da rentabilidade da caderneta.
O rendimento da poupança acompanha a variação da TR (Taxa Referencial), que é calculada a partir de um redutor dos juros médios pagos pelos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) negociados no mercado. “No começo do ano passado, o BC modificou esse redutor para reduzir o valor da TR --e, conseqüentemente, do retorno da caderneta--, mas voltou atrás depois, quando a nova metodologia ameaçava fazer a poupança apresentar rentabilidade negativa em alguns meses. “Além da concorrência dos fundos, a caderneta enfrenta, neste ano, a maior agressividade dos bancos para conseguir investidores para seus CDBs. “Num cenário como o atual, de forte crescimento do crédito, as instituições financeiras têm tido uma certa dificuldade para captar dinheiro suficiente para financiar suas operações. Nesse caso, a poupança tem pouca utilidade para os bancos, pois 65% do dinheiro aplicado nessa modalidade de investimento tem que ser, obrigatoriamente, direcionado para financiamentos habitacionais.
No caso do CDB, essa exigência não existe, dando aos bancos mais flexibilidade para utilizar o dinheiro de seus clientes. Normalmente, as instituições financeiras pagam aos investidores em CDB uma taxa equivalente a cerca de 90% do chamado CDI, juros de mercado que acompanham a variação da Selic. Nos últimos meses, diante da necessidade de captar mais recursos, algumas instituições financeiras têm aceitado pagar mais de 100% do CDI para atrair investidores.
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