Pesquisa retarda doença do envelhecimento em ratos
Cientistas espanhóis e franceses dizem ter criado um tratamento que pode aumentar em 80% a longevidade de cobaias que sofrem de progeria (doença que causa envelhecimento precoce e acelerado).
Segundo os pesquisadores, o tratamento será testado em humanos imediatamente como possível terapia para pessoas que vivem com a síndrome e poderá ajudar os cientistas a entender melhor como funciona o processo de envelhecimento.
A progeria é uma doença genética rara, que afeta crianças, levando a um envelhecimento prematuro (enrugamento da pele, embranquecimento e queda dos cabelos), além de osteoporose, insuficiências endócrinas e cardíacas e outras disfunções.
Em alguns casos, a criança não vive mais do que 15 anos.
A pesquisa, feita em conjunto pela Universidad de Oviedo, na Espanha, e pela Université de Marseille, na França, será publicada na próxima edição impressa da revista científica Nature.
'Estudo clínicio imediato'
Os pesquisadores verificaram que o uso combinado de drogas usadas para tratar doenças cardíacas, osteoporose e câncer reduziu significativamente o avanço da doença em roedores.
"Isto significa que, uma vez que são remédios já aprovados para outros usos em humanos, abre-se a possibilidade para um estudo clínico imediato", disse à BBC o especialista em biologia molecular Carlos López-Otín, responsável pelo estudo.
"Não sabemos que resultado (o tratamento) terá em humanos, mas ele oferece uma oportunidade para crianças que, em muitos casos, não poderiam passar da adolescência", disse López-Otín.
A progeria afeta uma em cada quatro milhões de pessoas no mundo e é causada pela mutação de um gene que leva ao acúmulo de uma proteína chamada "progerina" que desencadeia um processo de envelhecimento celular excessivamente rápido.
No entanto, o novo tratamento a base de estatina (remédio para controlar o nível de colesterol) e aminobisfosfonatos (usado no tratamento da osteoporose e tumores) deu bons resultados.
Comprovou-se que ratos que sofrem de progeria melhoraram o seu estado geral, recuperaram o seu peso corporal e aumentaram a sua longevidade de forma significativa.
"O que acontece com esse tipo de trabalhos é que também servem para extrair algumas respostas moleculares sobre o envelhecimento normal", explicou López-Otín.
"Evitar o envelhecimento é impossível porque é uma característica inerente à nossa natureza, mas a longevidade é plástica e pode ser modulada. Talvez no futuro seja possível estender um pouco a vida em humanos".
Por enquanto, a equipe analisa a relação entre o envelhecimento e a ação das células-mãe.
Já vinha se investigando o fato de que já algo que "apaga" a função das células-mãe na hora de renovar os tecidos.
Se confirmada, essa teoria significaria que não envelhecemos pelo uso contínuo que damos ao corpo ao longo de nossa vida, mas por uma espécie de mecanismo anti-câncer do organismo.
"As células-mãe não seriam imortais como alguns crêem e deixariam de atender à chamada pela renovação dos tecidos e finalmente o organismo envelheceria".
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