Depressão pré-natal 'atrasa' evolução do bebê, diz estudo
A pesquisa indica que a depressão durante a gestação pode aumentar em até 34% as chances de a criança apresentar problemas de desenvolvimento relacionados à cognição e comportamento como motricidade fina (habilidade com as mãos e dedos em executar tarefas como alcançar, soltar e segurar), reconhecimento e uso de linguagens, coordenação, entre outros.
Segundo os cientistas da Universidade de West England, em Bristol, na Inglaterra, o estudo ressalta a influência da depressão no período pré-natal - sendo que diversos estudos atribuem o atraso no desenvolvimento da criança apenas à depressão pós-parto.
"A descoberta mais importante é que a depressão maternal pré-natal tem um impacto negativo no desenvolvimento cognitivo da criança, mesmo quando a depressão pós-parto é considerada", disse Toity Deave, que liderou o estudo.
Além disso, a pesquisa destaca ainda que a depressão durante a gravidez pode aumentar as chances das mulheres se sentirem deprimidas também depois do nascimento do bebê.
"Alguns problemas de desenvolvimento atribuídos à depressão pós-parto são causados em parte pela presença de sintomas depressivos durante a gravidez", diz o estudo.
Impacto
O estudo analisou os registros médicos de 9.224 mulheres que tiveram seus filhos entre abril de 1991 e dezembro de 1992.
Os pesquisadores recolheram informações sobre a situação psicológica das mães na 18ª e 32ª semana de gravidez e novamente depois de oito semanas e oito meses do nascimento. Quando as crianças atingiram 18 meses de idade, as mães completaram ainda cinco questionários sobre a saúde e desenvolvimento do bebê.
De acordo com os resultados, mulheres que passaram o período de gravidez deprimidas aumentavam em 50% as chances de ter filhos diagnosticados com problemas de crescimento.
No entanto, os cientistas afirmaram que parte desse risco estaria relacionado com a influência da depressão pós-parto na saúde das crianças e por isso, fizeram uma nova análise para identificar o impacto da depressão pré-natal de maneira independente.
Diagnóstico
Em resposta ao estudo, o editor da revista científica BJOG, Philip Steer, afirmou que é essencial que médicos e parteiras tenham um papel ativo em identificar e avaliar a condição psicológica das mães.
Uma porta-voz do Royal College of Midwives, que forma parteiras na Grã-Bretanha, afirmou que as profissionais estão preparadas para lidar com esse tipo de condição já que criam um relacionamento com as mães durante a gravidez.
"Ainda há um estigma relacionado à depressão e doença mental durante a gravidez e, em alguns casos, apenas identificar que existe um problema já pode ajudar", disse.
"Quando o problema se torna mais grave, as parteiras são treinadas para encaminhar as mães a um clínico geral ou psiquiatra para que a mulher possa ter o cuidado e ajuda que necessita", disse.
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