Justiça Federal decreta prisão preventiva de 11 militares
A Justiça Federal aceitou o pedido de prisão preventiva feito na noite desta terça-feira (24) pelo Ministério Público Federal para os 11 militares envolvidos na morte de três jovens do Morro da Providência. O prazo para os militares deixarem a cadeia terminaria nesta quarta-feira. Eles estão presos no Batalhão de Polícia do Exército.
O juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcello Granado, decretou a prisão dos militares, atendendo aos procuradores da República Patrícia Nuñez Weber, Neide Cardoso de Oliveira e José Augusto Vagos.
Segundo o MPF, a prisão visa garantir a ordem pública e a conveniência da instrução criminal (estar apto para colaborar com a Justiça), segundo os procuradores. Como os militares são servidores federais que cometeram crime no exercício de sua função, eles respondem a processo na Justiça Federal.
Em nota, o MPF diz que ratificou o pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público estadual.
Inquérito policial apura desobediência
Um inquérito policial apura se os três oficiais e oito soldados cometeram os crimes administrativos de desobediência e quebra de hierarquia. As informações podem ser passadas para os procuradores federais, mas as decisões finais são independentes.
A denúncia contra os militares do Ministério Público estadual foi encaminhada para a esfera federal, porque a Justiça interpretou que os crime foram cometidos por servidores da União. Eles foram denunciados por homicídios triplamente qualificados, com penas que podem chegar a mais de noventa anos de cadeia. Agora, a Justiça Federal vai decidir também se eles serão processados.
Em depoimento, o tenente Vinícius Ghidetti disse que não sabia que os jovens seriam mortos. Já os outros militares disseram que seguiram as ordens do oficial.
As tropas do Exército já deixaram o Morro da Providência, depois que a Justiça Eleitoral as embargou. Os operários no canteiro de obras ficaram de braços cruzados, preocupados com o futuro da obra e com o futuro do trabalho deles. Moradores também estavam insatisfeitos com as casas inacabadas.
MPM deve indiciar 11 envolvidos
O Ministério Público Militar deve denunciar na próxima semana todos os militares envolvidos no crime por recusa de obediência, organização de grupo para prática de violência, aliciamento para motim e homicídio.
A promotora Hevelize Jourdan não descarta ainda a denúncia por prevaricação do capitão Laerte Ferrari Alves. Ela entende que o capitão teria que ter checado se a ordem de soltar os rapazes tinha sido cumprida. Ela disse ainda que pretende fazer uma acareação entre o capitão e o tenente Vinicius Ghidetti, que é acusado de ordenar a entrega dos rapazes para traficantes.
Suspeitos da Mineira tem prisão pedida
A 1ª. Central de Inquérito do Ministério Público estadual, no Centro do Rio, apresentou denúncia, com pedido de prisão preventiva, contra quatro suspeitos de ter cometido assassinato no Morro da Mineira. Há indícios de que, pelo menos um deles, o suposto traficante Rogério Rios Mosqueira, conhecido como Roupinol e apontado pela polícia como chefe do tráfico na Mineira, estaria envolvido na morte dos três jovens. Reis Mosqueira, segundo a polícia, teria oferecido R$ 20 mil aos militares pela entrega dos três jovens que foram, depois, encontrados baleados num lixão da Baixada Fluminense.
Além de Roupinol, o promotor Márcio José Nobre de Almeida pediu a prisão de Anderson Rosa Mendonça, conhecido como Coelho; Ademir Marques Moreira, o Delegado; e Romildo Miranda Junior, o Canela. Eles são denunciados pelo assassinato de Maurício de Oliveira Moreira, que pertenceria a uma facção criminosa. O crime foi no ano passado, na Cidade Nova, um dos bairros do Centro do Rio.
O diretor da Polícia Civil, Sergio Caldas, esteve reunido nesta terça-feira com os delegados da 6ª. DP (Cidade Nova) e 4ª. DP (Central do Brasil). A assessoria de imprensa da Polícia Civil se limitou a informar que há indícios de que suspeitos do crime do Morro da Providência foram identificados.
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