Explosão de carro-bomba mata 51 em mercado de Bagdá
Um carro-bomba atingiu um movimentado mercado em uma área xiita de Bagdá nesta terça-feira, matando ao menos 51 e ferindo 75 --inclusive mulheres e crianças. Foi o maior ataque na capital desde fevereiro, quando mulheres-bomba mataram 99 em dois mercados.
A explosão ocorreu um pouco antes das 18h (12h de Brasília), quando o mercado, localizado no bairro de Al Hurriyah, noroeste de Bagdá, estava repleto de consumidores.
Ninguém reivindicou a autoria da ação, mas, segundo a polícia, os métodos utilizados remetem à rede terrorista Al Qaeda.
O ataque interrompeu a relativa calma que predominava em Bagdá desde 10 de maio, quando foi acertado um cessar-fogo entre as forças de segurança iraquianas e a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr.
Comandantes dos EUA dizem ter forçado recuos à Al Qaeda no Iraque, mas ressaltam que os insurgentes mantêm capacidade de promover ações de grande porte.
O nível de violência no país é o menor dos últimos quatro anos.
Novo Parlamento
O atentado ocorreu no mesmo dia em que o Parlamento iraquiano anunciou que irá promover sessões fora da Zona Verde --área protegida pelos Estados Unidos-- a partir do dia 1º de setembro, na última aposta das autoridades iraquianas para conquistar a confiança do público para empreender avanços na segurança e alcançar sua independência.
As sessões deverão ocorrer no prédio em que estava sediado o Parlamento durante a era do ex-ditador Saddam Hussein, no distrito de Allawi, a 500 metros da Zona Verde.
O local foi saqueado e incendiado no caos que se seguiu à queda Saddam, mas já foi totalmente reformado, segundo o deputado iraquiano Kahlid al Attiyah. A realocação deve ser temporária, até que uma nova edificação possa ser construída, de acordo com Al Attiyah.
O Poder Legislativo iraquiano sofre críticas por não tirar proveito do declínio da violência para fazer progressos na promoção da reconciliação nacional entre sunitas, xiitas e curdos.
O governo do primeiro-ministro xiita, Nouri al Maliki, tenta demonstrar que os ganhos recentes na área da segurança podem ser mantidos, e lança ofensivas para tomar o controle de algumas das regiões mais violentas de Bagdá.
O governo também negocia com a administração do atual presidente dos EUA, George W, Bush, para um acordo que substitua o mandato da ONU (Organização das Nações Unidas) por um liderado pelos EUA que expire no final do ano.
Mais violência
Em outro episódio violento, um repórter da TV estatal iraquiana foi baleado perto do seu apartamento em Mossul, ao norte de Bagdá, segundo a polícia.
De acordo com o Comitê para a Proteção de Jornalistas, baseado em Nova York, além deste, já são 129 jornalistas e 50 trabalhadores de apoio assassinados desde o começo da guerra.
Um homem-bomba em uma moto atingiu um posto de controle comandado por aliados dos EUA, matando um e ferindo quatro. Um carro-bomba acertou um posto policial em Baquba, nordeste de Bagdá, matando um policial e ferindo 19 pessoas. Homens armados mataram um policial veterano e dois dos seus guardas perto de Aziziyah, uma área xiita a 55 km da capital.
Em Amarah, ao sul, o porta-voz do ministro do Interior iraquiano, Abdul Karim Khalaf, disse que um grande número de insurgentes renderam-se às forças do governo e depuseram as armas dois dias antes de uma operação militar na região.
O governo iraquiano deu um prazo até a quarta-feira para que os moradores de Amarah, um reduto da milícia xiita Exército Mahdi, leais a Sadr, deponham todas as suas armas pesadas.
A operação faz parte de uma ofensiva do governo de Maliki para retomar áreas sob controle de milícias xiitas em várias partes do Iraque.
com Reuters e Associated Press
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