Remédio contra câncer pode combater leishmaniose, diz estudo brasileiro
Um medicamento usado normalmente para combater o câncer de mama pode se tornar a mais nova arma contra uma das formas mais graves de uma doença normalmente negligenciada, a leishmaniose. A descoberta foi feita por pesquisadores brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) e publicada na revista especializada internacional “PloS”.
A leishmaniose é causada por um parasita e pode causar feridas na pele e nas vísceras, dependendo do tipo. A forma estudada pela equipe paulista é a leishmaniose difusa, uma das mais graves, causada pelo parasita Leishmania amazonensis. Essa doença atinge a pele com feridas graves e é extremamente resistente à medicação.
A idéia de usar um medicamento contra o câncer, o tamoxifen, surgiu a partir de estudos anteriores, que revelaram duas ações da droga que poderiam ser efetivas também no combate à leishmaniose, explicou ao G1 a líder do estudo, Sílvia Uliana.
A primeira era o aumento na produção de óxido nítrico, que poderia matar o parasita. O estudo brasileiro, no entanto, não constatou a efetividade disso em seus testes. A segunda, entretanto, mostrou resultado: a alteração do PH dentro da célula. Segundo Uliana, isso enfraqueceu o parasita e permitiu que a medicação fizesse efeito. Exatamente o quê matou o L. amazonensis, porém, ainda precisa ser descoberto.
O tamoxifen mostrou resultados animadores tanto nos testes in vitro como nos feitos em cobaias animais. Agora, o grupo da USP pretende continuar os testes em camundongos com outros tipos de parasitas causadores da doença. Os pesquisadores estão otimistas. Como a leishmaniose difusa é tão resistente a tratamentos, eles esperam que as outras formas da doença sejam mais fáceis de vencer. “É uma hipótese que nos esperamos comprovar”, disse ela ao G1.
A cientista alerta, no entanto, que ainda não foram feitos testes em humanos e que, por isso, nenhuma pessoa deve usar o tamoxifen como medicação contra a leishmaniose. “Não sabemos como o medicamento vai reagir no ser humano. O efeito é imprevisível neste momento”, afirma.
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