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Educação/Vestibular
Quinta - 05 de Junho de 2008 às 14:45
Por: João Valente

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Já se passaram 45 dias, e a realização da consulta para escolha do nome que será homologado no Colégio Eleitoral da UFMT para encabeçar a lista tríplice a ser será enviada ao presidente da República, para nomeação do futuro reitor (a) ainda provoca muitos questionamentos.

Em praticamente todos os lugares que visito, no exercício de minhas atividades profissionais, por determinação superior ou de ofício, no comércio e nas atividades sociais, a pergunta que ainda não se calou é a seguinte: “O que aconteceu, professor? O senhor estava muito bem, apresentando propostas sintonizadas com as expectativas da sociedade... Eu torcia para o senhor. Perguntei para muitos da UFMT em quem iriam votar e me disseram que iam votar no senhor. O que, de fato, aconteceu?”

Quando decidi me candidatar ao cargo de reitor da UFMT, tinha convicção de que seria uma disputa de alto nível, que pudesse colaborar, independentemente do resultado, para o engrandecimento da Universidade.

Imaginei que, com minha experiência e a dos meus adversários, poderíamos debater as expectativas da sociedade e apontar soluções exeqüíveis para serem adotadas na instituição. Imaginei que iríamos travar um debate digno de cidadãos que pleiteiam ocupar um cargo referencial e nobre: o de reitor da UFMT.

Infelizmente, eu estava enganado. Talvez por me julgarem um forte candidato, pois, vínhamos construindo, de forma serena e democrática, uma proposta que daria transparência às ações da instituição. E colocava, como objetivo principal, a busca pela satisfação das pessoas que compõem o quadro de docentes e de técnico-administrativos ativos e aposentados, dos alunos de graduação e de pós-graduacão e daqueles que prestam ou buscam os serviços prestados pela UFMT.

Pautamos nossa campanha em documentos e pronunciamentos propositivos. Em nenhum momento, me ocupei em denegrir a imagem dos demais postulantes ao cargo ou em descaracterizar as gestões que passaram ou estão passando pela instituição.

Respeitamos integralmente a Normativa 01/2008, elaborada pela Comissão Eleitoral, composta por representantes das entidades responsáveis pela realização da consulta (Sintuf, Adufmat e DCE), mesmo não concordando com alguns dos seus artigos.

Contrariamente, o grupo da situação desrespeitou os artigos da Normativa 01/08 que julgaram não serem convenientes para eles. Por outro lado, exigiram, de forma truculenta, a aplicação da interpretação de outros artigos que deram conforme suas conveniências, para atingir o objetivo, que era ganhar a qualquer custo.

Pressionaram a Comissão Eleitoral, descaracterizando sua legitimidade, o que provocou a desistência e substituição de diversos membros por outros de confiança da candidata da situação. Mesmo assim, quando as deliberações da Comissão não atenderam ao interesse da situação, provocaram a convocação de assembléias extemporâneas nas entidades, com plenária composta por pessoas com posição preconcebidas e direcionadas para aprovar o que interessava à candidatura situacionista, verdadeira torcida organizada.

Acreditei que o bom senso acabaria por prevalecer, porém, não foi isso que aconteceu, ultrapassaram as raias do suportável e expuseram a UFMT ao ridículo.

Usaram de expedientes condenáveis. A seguir, relaciono alguns:

1 - Tentaram nos vincular a siglas partidárias e a políticos que eles julgam descomprometidos e desonestos, com o propósito de diminuir e desqualificar nosso nome;

2 - Encobriram a falta de organização da gestão que representavam, a qual enviou para Comissão Eleitoral listagens desatualizadas dos nomes das pessoas com direito a voto, divulgando, de forma ostensiva, que nós estávamos proibindo a votação dos residentes de Medicina, alunos das especializações e do ensino à distância;

3 - Qualquer posicionamento divergente do grupo dominante era tachado de antidemocrático. As decisões eram sempre direcionadas a favor das propostas apresentadas pelo grupo dominante. Nas oportunidades em que isso não aconteceu, provocaram outras assembléias para reformar a deliberação. Uma demonstração clara de autoritarismo;

4 - A chapa da situação - aliás, que situação confortável -, ela sim, contou com a experiência e a militância explícita de partido político, deputado(a), vereador(a), secretário(a) de Estado, que utilizaram os microfones e tribunas dentro e fora da UFMT, onde quer que estivessem, sem o menor pudor;

5 - Analisando as notícias e artigos publicados na imprensa e principalmente os pronunciamentos e documentos de campanha, verificam-se contradições e posicionamentos dúbios, que evidenciam oportunismo em cada momento, deixando claro que o objetivo era a busca pela permanência no poder a qualquer custo;

Ficou demonstrado que não foi uma disputa onde o resultado pudesse espelhar o desempenho dos postulantes ao cargo, seguindo uma Normativa conhecida previamente e respeitada por todos. Infelizmente, a “vitória”, foi conseguida com manobras e armações, ou seja, manteve-se o poder a qualquer custo, mesmo que para isso tenha sido preciso expor e denegrir a imagem da instituição.

Essa sucessão de erros, abusos e falta de organização que caracterizou essa consulta, aliado às falhas da Comissão Eleitoral, que sequer deu provimento aos recursos que apresentamos para corrigir erros relacionados à condução do processo, votação e apuração, nos levou a instruir um processo com provas documentais, que foi encaminhado ao Ouvidor da UFMT.

Após análise dos autos, o Ouvidor concluiu que ocorreram falhas graves que interferiram no resultado final da consulta, as quais não foram esclarecidas. E concluiu: “Não ocorrendo tais providências, pela Adufmat e Comissão de Consulta, restará dúvida ou suspeição ao processo, difícil de ser esquecida e que poderá trazer constrangimentos à futura direção maior da UFMT”.

Diante desse posicionamento, o referido processo foi encaminhado ao atual reitor e ao Colégio Eleitoral Especial para ciência e considerações.

Esperamos a devida atenção e que sejam dados os encaminhamentos que o caso requer, em respeito à sociedade e à instituição UFMT.

* JOÃO PEDRO VALENTE é professor da Universidade Federal de Mato Grosso.





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