Morador deixa túmulo e vai para clínica em Jaú
"Eu havia pedido à Promotoria da Cidadania uma vaga em alguma clínica para que ele saísse do jazigo", disse o administrador. Hoje, Nelson Alves pegou algumas peças de roupas, o par de tênis e um cobertor e foi embora após aceitar o tratamento.
"Ele só deixou para trás o colchão, uma manta e um sabonete usado que já jogamos fora", afirmou Silva. O administrador conta que, nesta clínica, Alves passará pelo processo de desintoxicação e ficará envolvido com a horta e a criação de peixes na área rural.
O túmulo da família Alves também será modificado. A porta de entrada que havia sido derrubada, para facilitar a entrada do pedreiro, será novamente fechada para evitar um possível retorno do pedreiro. Sem manter contato com nenhum parente, ele ficou sozinho com a morte da irmã e passou a morar nas ruas e nas praças de Jaú.
Alves foi morar no jazigo da família, dividindo espaço com os outros 80 mil mortos enterrados em mais de dez mil sepulturas. Ele permaneceu por seis meses no túmulo, que tem oito espaços para comportar os mortos da família. O pedreiro, inclusive, dormia em cima dos corpos da mãe, do pai e da irmã. Ele chegou a admitir ter problemas com a bebida.
A bebida teria sido uma das responsáveis pelo fim de seu casamento, há quase 30 anos. "Eu tive dois filhos que não vejo faz tempo. A menina, pelo que eu sei, virou advogada, mas nunca mais vi ninguém deles ou qualquer outro parente. Como não tenho ninguém, fico aqui mesmo com meus pais e minha irmã mortos", disse.
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