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Cidades/Geral
Segunda - 02 de Junho de 2008 às 15:00
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Discutir a letalidade das polícias virou moda dos românticos estudiosos da violência urbana. As próprias corporações, por definição, patrulham seus integrantes, chegando a limitar o número de projéteis que cada um utiliza. A maioria das análises é injusta e tendenciosa, pois se imiscui só na dita “produção” do policial e ignora a elevação dos mesmos índices junto aos marginais, a quem a polícia tem a obrigação de combater.

Via de regra, o policial e equipado com o velho “trezoitão” ou com a moderna e limitada pistola, enquanto o bandido porta fuzil, metralhadora, granada e outros equipamentos de guerra, que dispara violentamente, sem qualquer controle ou critério. Na maior parte das vezes, as viaturas policiais também são inferiores aos veículos utilizados pelos bandidos.

As polícias devem ter o rígido controle de seus integrantes. É isso que garante a execução da política de segurança pública. Porém, muitas vezes, governantes cheios de dedos e dotados de falsos conceitos de democracia e segurança acabam, demagogicamente, comprometendo toda a atividade. Sempre que isso ocorre, o acuado policial recua, a marginalidade ganha e o cidadão comum perde.

Por falta de uma política adequada, vivemos um tempo de difícil equação na área da segurança pública. Há 20 anos, os governos negligenciaram suas obrigações em diversos setores porque pensavam, errônea e comodamente, que resolveriam todas as questões com um “choque de democracia”. A propalada democracia chegou e os problemas potencializaram-se, cada dia mais graves. E o pior é que muitas autoridades negligentes ainda seguem o velho discurso, à espera do milagre social.

As força policial têm de seguir uma política de Estado. Mas o Estado não pode e nem deve estar a serviço e nem ceder a ideológicos e sonhadores que se encantam com os problemas da marginalidade e marginalizam os segmentos oficiais, inclusive os policiais. Assim como o professor, o servidor da Saúde e o burocrático, o policial tem de receber do Estado os meios, a segurança jurídica e o salário compatíveis com a função que desempenha. Isso, infelizmente, não tem acontecido e vem determinando o sucateamento do setor.

De nada adiantará o governo anunciar a compra de viaturas, armamento, coletes e outros quetais sem resolver a crise salarial que joga os policiais no “bico” como forma de complementar os baixos salários. Se continuar assim, a guerra contra a marginalidade será cada dia mais desigual e perdida, mesmo que a chamada “letalidade” da polícia aumente.

A polícia é o reflexo da sociedade e do governo a que serve. Os governantes devem ser cientes disso e deixar de recorrer aos enganosos abonos e outras fórmulas que fazem inseguros os ativos e sucateiam o salário, condenando à miséria os inativos e pensionistas da classe. Um policial motivado, preparado, bem pago e estável, cumpre sua missão sem que ninguém precise fiscalizá-lo...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – diretor da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br





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