Reajuste dos aluguéis já passa de 10% no país
Depois dos alimentos, agora são os aluguéis que pesam no bolso. O aumento ultrapassou os 10% nos últimos 12 meses. Nesse período, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), usado para calcular o reajuste da maioria dos contratos de aluguel, acumula alta de 11,53%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Só em São Paulo, nos últimos 12 meses os aluguéis comerciais subiram 14,2%, segundo estudo de uma das maiores administradoras de imóveis da cidade. Foram os imóveis na região da Avenida Paulista que tiveram os maiores aumentos, segundo a pesquisa. Isso porque hoje tem muito mais gente procurando um local para alugar do que oferta.
Esse mesmo comportamento pode ser observado em outras capitais. Em Belo Horizonte, enquanto os preços dos alimentos caíram em abril a ponto de registrar deflação, o valor do aluguel foi às alturas. O reajuste somou 13,5% nos últimos 12 meses.
O IGP-M subiu 4,74% só este ano. O engenheiro Hubert Gebara, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), faz uma estimativa pessimista.
“Nós achamos que a médio prazo, talvez dentro de uns dois anos, quando ficarem prontos esses lançamentos todos, haverá um equilíbrio de oferta com relação à procura. Então, nós teremos uma estabilização dos valores dos aluguéis. Estabilização esta que não significa perda da inflação, e sim, eventualmente, um acompanhamento da inflação”, explica.
Na Justiça
Em São Paulo, quando não há negociação, o caso pára na mesa da juíza Maria Lúcia Pizzotti Mendes e pode levar até sete anos para ser julgado. Com ela, estão centenas de processos de inadimplência de aluguel. A maioria é de moradores que reclamam do valor do reajuste.
“A primeira conseqüência natural é a inadimplência. A gente percebe que as pessoas deixam de pagar. Pessoas até que são bons pagadores corriqueiros e não têm problema normalmente de débito na praça se tornam devedores da noite para o dia por causa dessa ascendência, dessa subida repentina de índices”, conta a juíza.
A publicitária Fátima Lima também experimentou o outro lado da negociação: o de proprietária. Quis subir o aluguel do apartamento, mas o inquilino reclamou e ela desistiu.
“O aumento que vem não cobre dois meses de condomínio, de água e de luz. Não cobre. Então, antes de dizer não, você tem que sentar e dar uma pensada no custo fixo de um imóvel vazio”, comentou a publicitária Fátima Lima.
“O conselho que eu tenho dado e vou insistir é que as pessoas, se encontrarem em uma situação de dificuldade de pagamento, procurem os proprietários dos imóveis e procurem um acordo. Não deixem nem de um lado e nem do outro o processo entrar na Justiça”, recomenda a juíza Maria Lúcia Pizzotti Mendes.
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