Reprimir sentimentos pode aliviar traumas, diz estudo
Um novo estudo realizado nos Estados Unidos sugere que não expressar os sentimentos sobre um trauma coletivo - como um ataque terrorista - pode aliviar os efeitos mentais e psicológicos relacionados com a experiência traumática.
Para alcançar os resultados, os pesquisadores da University de Buffalo, em Nova York, usaram uma pesquisa feita pela internet com 3 mil pessoas logo depois dos atentados de 11 de setembro nos EUA e dois anos após os ataques.
Os participantes eram pessoas que haviam sido expostas à tragédia, mas que não perderam parentes ou amigos no atentado. Eles foram divididos em dois grupos: aqueles que estavam preparados para falar sobre a experiência e expressar seus sentimentos sobre o trauma e aqueles que preferiram não falar a respeito.
Segundo Mark Seery, que liderou o estudo, os resultados indicam que, dois anos depois dos atentados, a condição psicológica e mental das pessoas que optaram por não expressar seus sentimentos era melhor.
A pesquisa será publicada na edição deste mês da revista científica Journal of Consulting and Clinical Psychology, e ainda não foram revelados detalhes do estudo como quais aspectos psicológicos foram analisados e como o estado mental dos voluntários foi avaliado.
Generalização -- Seery ressalta que os resultados são contrários à noção popular de que é preciso falar sobre os traumas.
"Nós devemos dizer às pessoas que não há nada de errado em não querer expressar seus sentimentos depois de um trauma coletivo. Na verdade, elas conseguem suportar bem, e, de acordo com nossos resultados, se sentem ainda melhores do que aquelas que preferem expressar suas experiências", disse o pesquisador.
De acordo com Seery, mesmo entre as pessoas que optaram falar sobre seus sentimentos, aquelas que haviam escrito relatos maiores, com mais informações sobre os sentimentos, também demonstraram estado psicológico pior do que aquelas que expressaram pouco na análise feita dois anos após os atentados.
No entanto, segundo o professor Stephen Joseph, especialista em traumas relacionados a desastres da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, é importante não generalizar o efeito em todos os pacientes.
Ele ressalta que estudos anteriores já demonstraram os benefícios que falar sobre as experiências pessoais com a ajuda de aconselhamento adequado podem trazer na recuperação após os traumas.
"As pessoas que quiseram expressar seus sentimentos logo após os atentados de 11 de setembro podem ser aquelas que mais foram afetadas pela tragédia. Por isso, não é de surpreender que elas ainda tenham sintomas dois anos depois dos atentados", disse o especialista.
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