Para Greenpeace, Brasil deve ampliar energias alternativas
Segundo o relatório, é estratégico do ponto de vista político e econômico que o Brasil gere sua energia a partir de fontes limpas, renováveis e abundantes em território nacional. De acordo com o Greenpeace, em âmbito global, o mercado de energia eólica tem crescido a quase 30% ao ano nesta década e o de energia solar a quase 50% ao ano, desde 2002.
O coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace, Ricardo Baitelo, avalia que, apesar de ser limpa, a matriz energética brasileira não é diversificada. No Brasil, cerca de 46% da matriz energética é formada por energias renováveis, incluindo a hidráulica, enquanto a média mundial do uso desse tipo de energia é de 13%.
“É um perigo quando a gente tem uma matriz dependente de um energético só, como é o caso da nossa. O que a gente propõe é ter 20% de eólica, 4% de solar, um pouco de geração a bagaço de cana, essas energias se complementam, porque os ciclos de altas e baixas dessas outras energias não é o mesmo da hídrica, por isso podemos ter energia firme o ano todo”, explica Baitelo.
Segundo o especialista, uma das consequências de ter sua matriz energética baseada nas hidrelétricas é a necessidade do uso de energias como a térmica em períodos de seca, como aconteceu este ano. O relatório do Greenpeace lembra também que dificuldades de abastecimento de gás natural e altas no preço do petróleo são exemplos de como a decisão por combustíveis fósseis e importados encarece a matriz elétrica nacional e coloca em risco a segurança energética do país.
O documento aponta que o Proinfa, criado em 2002, colocou em operação 1 mil megawatts de energias renováveis, dos 3,3 mil megawatts previstos. Segundo Baitelo, os principais erros do programa foram o cálculo indevido do preço das energias renováveis e a falta de garantias econômicas, para que os empreendedores estrangeiros investissem no setor.
Baitelo reforça a necessidade de continuidade do Proinfa, depois de alcançar a meta estipulada em 3,3 mil megawatts. “Diante dos problemas enfrentados pelo programa e em função dos atrasos para atingir suas metas, especula-se que a segunda fase do programa não sairá do papel”, aponta o relatório.
Outra questão apontada pelo relatório é que os leilões de energias alternativas devem ser feitos por meio de licitações específicas para cada tipo de fonte. “O governo acredita muito mais em leilão do que em uma política mais sólida. E os leilões têm alguns efeitos colaterais em outros países, que mostraram que o mercado de renováveis não se desenvolve só com sinais de mercado, é preciso de um subsídio, do apoio do governo, até fazer a coisa deslanchar”, afirma Baitelo.
Procurado pela Agência Brasil, o Ministério de Minas e Energia informou que só irá se pronunciar depois de analisar o relatório do Greenpeace. A Eletrobrás e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) também não quiseram se manifestar.
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