Varejo têxtil tem boa perspectiva para próximos meses
Após o avanço da receita no primeiro trimestre deste ano, o varejo de vestuário entrou em clima de otimismo para os próximos trimestres. A expectativa de ondas de frio, como já ocorreu em maio, traz boas perspectivas. As vendas do estoque da coleção de inverno podem fazer com que as lojas cheguem bem preparadas para a colocação dos produtos de verão. A queda da temperatura ocorrida neste mês, por exemplo, já favoreceu as vendas do Dia das Mães. De acordo com a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abeim), o faturamento da área cresceu 12% na data comemorativa, em relação ao mesmo período de 2007. Para o Dia dos Namorados a estimativa inicial é de aumento de 10%.
No primeiro trimestre, os dados referentes ao conceito mesmas lojas, que considera os pontos-de-venda abertos há mais de um ano, dão uma dimensão do crescimento no varejo de vestuário. Na Renner, a expansão foi de 11,5% no indicador de vendas líquidas mesmas lojas. Para a companhia, o desempenho no mês de abril manteve os níveis registrados entre janeiro e março. O crescimento ocorre depois de a varejista ter apresentado um aumento menor que o previsto nesse critério em 2007, de 8,5%. Ainda assim, o patamar ficou abaixo da faixa estimada entre 10% e 12%, em relação a 2006. Fatores como o endividamento do consumidor, no final do ano passado, podem ter contribuído para essa diferença, segundo a empresa.
Mas, para a Abeim, o comprometimento da renda do consumidor, que inclui prestações de eletroeletrônicos, automóveis e também casa própria, ainda não é um empecilho. Segundo a entidade, a ampla oferta de crédito impulsiona as vendas do segmento de vestuário, que acompanha o ritmo do varejo em geral. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o comércio varejista cresceu 12% no primeiro trimestre de 2008 em relação ao mesmo período do ano passado, o maior aumento da série histórica iniciada em 2001.
Entre janeiro e março, a Le Lis Blanc, que estreou na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recentemente, apresentou aumento de 31,8% no faturamento em relação ao mesmo período de 2007. A expansão, segundo a companhia, deveu-se, principalmente, à melhoria do desempenho das lojas próprias e no atacado, as chamadas multimarcas. No critério mesmas lojas, as vendas brutas tiveram alta de 18,5%. A Riachuelo, por sua vez, registrou avanço de 9,8% das vendas líquidas nesse conceito.
Na Marisa, o resultado de mesmas lojas de janeiro a março apresentou alta de 5,5% em vendas líquidas, na comparação com o mesmo intervalo do ano anterior. De acordo com a varejista, o desempenho, apesar de dentro da expectativa para o período, ainda está abaixo da média prevista para 2008. A explicação reside na base de comparação alta, já que o crescimento foi de 19,7% no conceito no primeiro trimestre de 2007. Além disso, a companhia mencionou atraso na entrega de produtos importados em março de 2008 e a maior seletividade na concessão de crédito no cartão próprio.
O otimismo para os próximos meses conta com outro fator de expansão, no número de lojas das varejistas de vestuário. Até o início de maio, a Le Lis Blanc inaugurou seis unidades próprias, além de duas ampliações. A Riachuelo prevê inaugurar sete e reformar outras cinco unidades ao longo do ano. A Marisa tinha aberto duas unidades e reformado outras três até o início de maio. A Renner abrirá o total de 15 pontos-de-venda em 2008.
Há também estimativa de aumento de rentabilidade, segundo a Abeim. Como observado no primeiro trimestre, a Marisa registrou alta de 0,5 ponto porcentual na margem bruta, para 44,6%. Na Le Lis Blanc, o crescimento foi de 0,7 ponto, para 60,8%. Excluindo os serviços financeiros, a margem bruta da Renner passou de 46,5% para 47,9%. As vendas da coleção de inverno podem contribuir para a continuidade do incremento desse indicador, aponta a Abeim, uma vez que o volume financeiro é superior, com produtos de valores mais elevados e, assim, cobertura mais ampla dos custos com a operação de vendas.
Além disso, o varejo poderá colher frutos a partir de benefícios fiscais à cadeia produtiva. Os investimentos na indústria poderão ser favorecidos a partir da redução do prazo de apropriação de créditos de PIS/Cofins derivados da aquisição de bens de capital, da eliminação da incidência de IOF nas operações de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da ampliação dos recursos colocados à disposição da indústria e de serviços no triênio 2008/2010, incluídos na Política de Desenvolvimento Produtivo, anunciada pelo governo federal em 12 de maio. Por todos esses fatores, especialistas apontam que as perspectivas são animadoras para as vendas de artigos têxteis nos próximos meses.
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