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Sábado - 31 de Maio de 2008 às 11:52

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A Globo exibe, neste sábado (31), o último capítulo de "Duas Caras" (21h). Normalmente, a emissora termina uma novela na sexta e reprisa no dia seguinte. Mas o último capítulo da trama de Aguinaldo Silva ficou longo demais e teve de ser dividido em dois (sexta e sábado), algo inédito na história recente da emissora.

Essa é a versão oficial do autor. Ao longo dos últimos oito meses, a Globo adotou diversas táticas de guerrilha para salvar a trama do fiasco, principalmente com a ofensiva da Record no horário nobre.

A novela estreou no dia 1º de outubro do ano passado com um dos piores ibopes da teledramaturgia da Globo, registrando uma média de apenas 40 pontos na Grande São Paulo. A audiência de "Duas Caras" chegou a oscilar na casa dos 30 pontos, algo típico de novelas do horário das 19h.

Esse desempenho abaixo do esperado aumentou a agonia da Globo no horário nobre. Segundo especialistas, as novelas perdem público com o maior acesso de jovens a novas mídias, como a internet, e ao crescimento econômico. O próprio Aguinaldo Silva teoriza que parte do público trocou as novelas por DVDs piratas.

"Paraíso Tropical", antecessora de "Duas Caras", havia também exibido dificuldades semelhantes --o ibope de sua estréia (média 41 pontos) já era considerada a pior performance da década, embora seu último capítulo tenha cravado 56 pontos.

Para elevar a audiência, "Duas Caras" apelou para as danças eróticas da personagem Alzira (Flávia Alessandra)no poste na uisqueria Cincinatti. As cenas sensuais provocaram uma discussão moral, o Ministério da Justiça abriu um processo de reclassificação, e o autor teve de explodir a boate e acabar com as estripulias de Alzira.

A novela também teve problemas com a recepção fria do público a alguns protagonistas, como o casal Maria Paula (Marjorie Estiano) e Ferraço (Dalton Vigh). Quem ganhou espaço na trama foi a vilã Silvia (Alinne Moraes), com suas caras e bocas (além do franjão, claro). Para agitar a novela e atrair a atenção do telespectador, Aguinaldo Silva matou e ressuscitou Juvenal Antena (Antonio Fagundes), o líder da fictícia favela Portelinha.

"Duas Caras" também pegou carona no noticiário, tentando criar situações e discursos semelhantes aos de escândalos recentes do país. A novela fez referências, por exemplo, ao caso do uso irregular de cartões corporativos, à corrupção no meio universitário, aos ataques de evangélicos contra gays, além do paternalismo e da manipulação política exercidos por líderes comunitários messiânicos.

Na internet, Aguinaldo Silva rebateu críticas à novela por meio de seu blog. Na reta final da trama, criou polêmica reclamando da censura da Globo a uma cena de beijo gay. Homossexual assumido, o teledramaturgo se disse orgulhoso de sua "melhor novela" retratar, por exemplo, um triângulo amoroso incomum, fora dos clichês televisivos, formado por Bernardinho (Thiago Mendonça), Carlão (Lugui Palhares) e Dália (Leona Cavalli). Ele diz ter chorado quando soube oficialmente que a Globo proibiu a gravação do beijo gay entre Bernardinho e Carlão. Na próxima segunda-feira, estréia no horário "A Favorita".





Fonte: Folha Online

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