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Agronegócios
Quarta - 28 de Maio de 2008 às 10:22

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A inflação segue em alta e pressionada, especialmente, por alimentação. Foi o que apontou o IPC da Fipe, na terceira prévia do mês, com alta de 1,08%. O item alimentação registrou avanço de 2,61%, e essa tendência não dá sinais de perda de fôlego.

No Brasil e no exterior, o preços dos alimentos seguem muito pressionados. No âmbito doméstico, não se conta mais com a possibilidade de a inflação retornar, ainda este ano, para um patamar compatível com o ponto central da meta, que é de 4,5%. Alguns produtos, neste segmento, ainda devem apresentar pressões adicionais a médio prazo, como carne e leite.

As medidas pontuais que o governo vem tomando para estimular o setor agropecuário podem ter algum impacto sobre a oferta e a formação de preços. É o caso da redução, atrasada, sobre os impostos que incidem no pãozinho; a administração de estoques públicos, como o arroz, o acerto das dívidas dos produtores rurais. Mas o impacto também será pontual.

Não dá para contar com um comportamento melhor dos preços, de forma mais ampla, por conta dessas medidas. Vale observar, inclusive, que o Brasil já deve contar, neste ano, com safra recorde de grãos, o que tende a segurar preços aqui e no exterior. Segurar, mas não reverter o quadro de preços ainda muito pressionados.

No mundo, se trabalha cada vez mais com a perspectiva de que os preços fiquem em patamar elevado por mais um bom tempo. Não se conta com a possibilidade de um cenário mais favorável por, pelo menos, dois anos.

Porém, dadas as implicações econômicas e sociais dos alimentos em patamar muito alto de preços, pode ser que surjam, da crise, soluções para uma ampliação mais efetiva da oferta, que pode envolver desde o corte de tributos - medida ainda adotada de forma tímida demais no Brasil - até a liberação maior do comércio internacional, com queda de barreiras e subsídios.

Países com maior produtividade poderiam ampliar mais a oferta sem enfrentar restrições colocadas por países menos competitivos, que estabelecem uma competitividade artificial, justamente por subsidiarem as produções locais e determinarem restrições para os concorrentes.

As conversas nesse sentido ainda têm tido pouco avanço. A arrastada rodada de Doha está aí justamente para comprovar a insistência das economias mais desenvolvidas na manutenção de privilégios. Mas a elevação persistente de preços pode colaborar por uma alteração nesse quadro. Até lá alimentação vai continuar sendo um problema.





Fonte: Folha Online

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