Caso Isabella faz interesse popular por júri crescer 400%
O julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados pela morte da menina Isabella Nardoni, não tem data definida, mas há centenas de interessados em participar do júri. No Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, onde funciona o 2º Tribunal do Júri, o número de ligações em busca de informações para se inscrever como jurado aumentou cerca de 400%.
Uma telefonista do Fórum conta que atendia, em seis horas de serviço, a média de cinco ligações de interessados em integrar um júri. Após a morte da menina, passou a atender pelo menos 20 telefonemas. "Ligavam pessoas de Brasília, Rio, Paraná e de muitas cidades do interior. Todos disseram que gostariam de participar do júri para condenar o casal."
Outra funcionária explicou que existem 6 mil inscritos aguardando sorteio para participar de julgamento este ano. São sorteadas, a cada dois meses, 800 pessoas. Elas são divididas em grupos de 21 jurados, todos os meses, para os três plenários do Fórum de Santana. Cada júri contém sete pessoas.
O promotor Alexandre Marcos Pereira, da 2ª Vara do Júri, considera positivo o aumento de interessados em participar de um júri popular. "O Tribunal do Júri depende disso. Para ser jurado não precisa de especialização, mas é necessário agir com imparcialidade." Já o desembargador Henrique Nelson Calandra, presidente da Associação Paulista de Magistrados, afirmou que o caso Isabella virou um debate público. "Isso só faz aumentar o interesse da população em participar de um júri." Os cinco Tribunais do Júri da capital têm 27.450 jurados inscritos.
Mário de Oliveira Filho, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, disse que o povo brasileiro tem vocação natural em julgar . "O caso Isabella despertou ainda mais essa vontade. É extremamente positivo. Uma das pilastras do Tribunal do Júri é a independência. Esse desejo vai gerar mais rotatividade de jurados."
Comentários