Tribunal prolonga por um mês prisão preventiva de austríaco
O Tribunal Regional da Baixa Áustria decidiu prolongar por um mês a prisão preventiva de Josef Fritzl, 73, o austríaco que manteve a filha Elisabeth trancada em um porão e abusou sexualmente dela durante 24 anos, confirmou o advogado do acusado, Rudolf Mayer.
Fritzl foi detido em 26 de abril quando visitou no hospital de Amstetten uma das filhas que teve com Elisabeth, nascida em cativeiro, que permanece internada em estado grave. Segundo a agência de notícias APA, o próprio Fritzl esteve presente na audiência desta sexta-feira, que durou cerca de 15 minutos.
Mayor, advogado do acusado, não apresentou recurso contra a decisão decretada hoje. O período inicial da prisão preventiva, decretada dois dias após a detenção de Fritzl, foi inicialmente de 14 dias, e será revisado novamente dentro de um mês, disse Mayer à Efe em Viena.
O porta-voz da Procuradoria, Gerhard Sedlacek, acrescentou que a data do próximo interrogatório de Fritzl pela procuradora Christiane Burkheiser "não será anunciada".
O caso ocorrido em Amstetten chocou o mundo na semana passada, já que Fritzl manteve trancada e abusou da filha Elisabeth durante 24 anos em um cativeiro sob a casa onde morava com a família. Em conseqüência dos abusos, Elisabeth teve sete filhos, um dos quais morreu pouco após nascer.
Três dos filhos de Elisabeth foram criados como netos por Fritzl e sua mulher, Rosemarie, na casa da família, enquanto os outros três viveram no cativeiro, até serem libertados, há duas semanas.
Vício
Fritzl afirmou que os seguidos abusos sexuais que praticava eram um "vício". As declarações fazem parte de comentários repassados por seu advogado, Rudolf Mayer, à revista austríaca "News".
"Meu desejo de fazer sexo com Elisabeth se tornou cada vez mais forte (...) eu sei que ela não queria que eu fizesse o que fazia com ela. Eu sei que aquilo a estava machucando. Mas era como um vício. Na verdade, eu queria ter filhos com ela", afirmou Fritzl, segundo a revista.
No entanto, o austríaco nega que os abusos tenham começado quando sua filha tinha 11 anos, como a vítima afirmou à polícia. Fritzl também disse que sabia estar fazendo mal, mas "o desejo de fazer algo proibido era mais forte".
O engenheiro eletricista aposentado deixou Elisabeth grávida seis vezes durante os 24 anos em que a manteve em cativeiro. Sobre isso, Fritzl afirmou que "se alegrava com a descendência" que produzia e que para ele era bonito "ter uma família autêntica em sua casa".
O austríaco ainda afirmou que sua família "do porão" reconhecia nele uma verdadeira liderança: "Eles me aceitaram completamente como um líder da família. Nunca se atreveram a me atacar". No entanto, Fritzl admitiu ter afirmado que a porta estava eletrificada e que o primeiro que tocasse nela morreria eletrocutado.
Para justificar seu ato, o austríaco afirmou que Elisabeth deixou de respeitar suas regras quando chegou à adolescência e começou a beber e fumar. "Por isso tive de procurar um lugar onde, em algum momento, pudesse manter Elisabeth isolada do mundo exterior à força", acrescentou.
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