Arroz fica mais caro, mas não falta
Os preços do arroz no Brasil, que acompanham a disparada das cotações internacionais e vêm subindo com força desde março, dificilmente vão recuar aos níveis de 2007. Mas, apesar da tendência de que os preços continuem altos neste ano, analistas e representantes do setor descartam a possibilidade de que falte arroz nas prateleiras dos supermercados. Na soma da safra que está sendo colhida com os estoques do governo federal, o país terá à disposição cerca de 13,4 milhões de toneladas de arroz neste ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume é ligeiramente superior ao consumo nacional, estimado em 13,2 milhões de toneladas.
No último fim de semana, as lojas do supermercado Extra em São Paulo chegaram a limitar as vendas do produto a 12 pacotes de cinco quilos por pessoa, para evitar a ação de atravessadores. Mas, segundo a assessoria do Grupo Pão de Açúcar – dono das bandeiras Extra e Pão de Açúcar – a ação foi pontual e hoje “nenhum dos supermercados da rede em todo o Brasil está limitando a venda”. No mês passado, as lojas norte-americanas do Sam’s Club, bandeira atacadista do Wal-Mart, também restringiram a oferta de arroz. Mas a assessoria do Wal-Mart no Paraná informou que a medida não afeta suas lojas no Brasil (que incluem as bandeiras BIG, Mercadorama e Sam’s Club).
Para o operador de mercado José Santos, da corretora de mercadorias Correpar, “não há qualquer risco de desabastecimento”. “O consumidor vai pagar caro pelo arroz, mas faltar produto não vai”, afirma. Sandro Costa, gerente comercial da Cooperativa Agroindustrial do Noroeste Paranaense (Copagra), também diz não acreditar em desabastecimento. “O governo federal vai ofertar o arroz de seus estoques em doses homeopáticas, para não ter perigo de faltar produto”, diz.
Segundo Costa, os preços internacionais subiram por conta da alta da demanda e da retenção de produto em países produtores, principalmente na Ásia. Com isso, os produtores brasileiros passaram a segurar a oferta, na expectativa de cotações ainda melhores. A estratégia deu resultado. No Rio Grande do Sul, que responde por 60% da produção nacional, o valor pago ao produtor subiu quase 50% entre março e abril. No Paraná, a saca de 60 quilos subiu 49,7% nos últimos 30 dias. Esses reajustes, no entanto, ainda não foram integralmente repassados ao consumidor. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR), o pacote de arroz em Curitiba subiu 2,7% em abril mas, no acumulado do ano, ainda registra baixa de 2,4% (veja matéria nesta página).
Leilão
A Conab realizou o primeiro leilão de venda de arroz do ano. O objetivo era oferecer 55 mil toneladas, mas uma decisão judicial retirou 27 mil toneladas da operação. A saca de arroz do Rio Grande do Sul foi vendida por R$ 35,63 em média – valor 27% acima do preço mínimo e 7% superior ao valor de mercado. Ou seja, mesmo com o governo ofertando produto em plena safra – nesta época, o normal seria comprar –, o preço ainda ficou bastante alto. Na próxima semana, a Conab vai leiloar entre 70 mil e 80 mil toneladas de arroz.
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