Epidemia de dengue será pior em 2009, diz Temporão
A situação da dengue no Brasil vai ficar ainda pior. Foi o que afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, após reunião com os governadores do Nordeste, em Maceió. Segundo o ministro, há risco de uma epidemia maior que a atual em 2009. “Há risco sim. Há risco que tenhamos uma situação tão grave quanto a do Rio de Janeiro, no Nordeste, na Região Norte e em alguns lugares da região Sudeste”, alertou Temporão.
O ministro disse que o Brasil vai precisar conviver ainda por muito anos com a doença e que a atual epidemia “com certeza” não acabará tão cedo. “É uma questão de muitos e muitos anos que o Brasil vai ter que conviver com a dengue. O que podemos fazer é minimizar drasticamente mortes e o número de casos”, afirmou.
Temporão reconheceu que houve falha no controle da dengue no Brasil. Em 1996, eram 1.753 municípios infestados pela dengue no País. Em 2006, esse número subiu para 3.970, segundo o Ministério. “Em dez anos perdemos a guerra”. A solução em médio prazo seria apostar na criação de uma vacina contra o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypiti, além de intensificar as ações de prevenção.
“Vamos ter que trabalhar muito duro, apostando no surgimento de uma vacina. Daqui a cinco a 10 anos, é possível que tenhamos uma vacina eficaz, que seria a solução definitiva para a dengue. Enquanto ela não existe, temos que trabalhar com as armas que temos nas mãos, que são prevenção, prevenção e prevenção”, declarou.
A reunião com os governadores serviu para intensificar a mobilização entre as três esferas de Governo e a sociedade. A mesma atitude será tomada com os demais gestores brasileiros. “Em maio, vou me reunir com os governadores da região Norte e vou fazer isso com todas as regiões, para chamar a atenção da importância, do combate integrado, articulado, da população, governo e sociedade juntos nesta luta”, adiantou.
Quanto à liberação de recursos para os estados para o combate à dengue, o ministro afirmou que ainda não é possível mensurar esse valor porque os próprios governadores sequer enviaram pedidos de verbas para o Ministério com esse intuito. “Os recursos adicionais serão analisados a partir do momento que os governadores (apresentarem os pedidos), que ainda não chegaram nas minhas mãos”, cutucou.
Na reunião desta quarta, apenas o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), entregou um ofício ao ministro, solicitando a liberação de R$ 1,2 milhão da União para investir no combate à doença. Com esse dinheiro, o Estado pretende contratar mais 300 agentes de saúde para atuarem na Região Metropolitana do Recife e reforçar a frota de carros com mais 30 veículos.
No ano passado, o Governo Federal destinou R$ 700 milhões para as ações de combate à dengue no País. Este ano, serão destinados R$ 800 milhões de repasse estrutural, de acordo com o ministério.
Mais uma vez, Temporão fez uma convocação geral à sociedade e ao Governo, cobrando a atuação de todos no combate ao mosquito. “Não basta estar bem informado. Tem que estar mobilizado para atuar”. Ele enumerou fatores que podem agravar a situação nas grandes cidades. “É preciso estar atento ao seguinte: água tratada na torneira da casa das pessoas: enquanto as pessoas tiverem que armazenar água, o risco de proliferação do vetor será grande; cidade limpa: em cidade suja, o risco também é grande; e terceiro: (investir em) comunicação, informação e mobilização da sociedade”, listou.
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