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Agronegócios
Terça - 29 de Abril de 2008 às 14:25

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A interrupção das exportações argentinas acentuou o aperto da oferta mundial de grãos e ajudou a inflar os preços futuros da soja, já pressionados por fatores fartamente conhecidos: demanda pela commodity em alta, puxada especialmente pelo consumo chinês, enfraquecimento do dólar, preços recordes do petróleo e baixos estoques mundiais. E, para os preços da soja no mercado doméstico brasileiro, os problemas na Argentina tiveram uma influência ainda maior.

Até a última quarta-feira, o preço médio da saca de 60 quilos em Cascavel (PR) no mercado de lotes aumentou 43% na comparação com abril de 2007, para uma média de R$ 42,43, e, em Paranaguá (PR), o preço médio cresceu mais de 46%. Em Sorriso (MT), a alta foi ainda mais forte: com o preço médio de R$ 35,28 apurada até quarta-feira, o aumento foi de 56% em comparação com abril do ano passado. "Petróleo, dólar e demanda chinesa são fatores que já puxavam os preços para cima. A Argentina teve impacto nas bolsas, afetou especialmente o Brasil", diz Renato Sayeg, da Tetras Corretora.

"Os prêmios para exportação estão todo mês com viés de alta, e em plena época de colheita, quando costumam cair". Problemas climáticos no Rio Grande do Sul, onde foram registradas geadas neste mês, reforçaram o cenário de preços altos que já tem sido amplificado pelos problemas argentinos. Estima-se que a quebra da safra no Estado fique entre 1,5 milhão e 1,8 milhão de toneladas. Com isso, a Tetras reduziu sua estimativa de produção brasileira na safra 2007/08 de 62,5 milhões de toneladas para algo entre 61,5 milhões e 62 milhões de toneladas.

De acordo com a última estimativa apresentada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção nacional de soja deve crescer 2,7%, para 59,9 milhões de toneladas. Para o Rio Grande do Sul, a estimativa é de queda de 18,2%, para 8,1 milhões de toneladas. Além de turbinar os preços no Brasil, a situação argentina reduziu a disponibilidade de grão nas unidades de processamento. Somadas, as indústrias localizadas em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais têm entre 20% e 30% de produto disponível para comercialização, afirma Sayeg. "Em plena safra, isso deveria estar entre 80% e 100%", avalia.

"Mesmo com a oferta maior, em virtude do crescimento da produção, não houve decréscimo dos preços. O mercado interno acompanha as cotações na bolsa de Chicago, mas isso também é reflexo do que ocorre na Argentina", diz Gabriel Pesciallo, analista da Agência Rural. Os contratos de soja para julho caíram 24,50 centavos de dólar em Chicago, para US$ 13,61 o bushel. Nesta safra, com o aumento das vendas antecipadas, poucos produtores puderam se beneficiar do aumento do preço da soja.

Até o dia 18 de abril, as vendas chegaram a 67% do volume esperado para a safra 2007/08, que, segundo a Agência Rural, deverá chegar a 63 milhões de toneladas. De acordo com o levantamento mais recente feito pela empresa, a colheita da soja chegou a 80% até a última terça-feira. O número é 11 pontos percentuais inferior ao apurado no mesmo período da safra 2006/07.





Fonte: AMM/24 Horas News

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