UE cobra do Brasil coerência na rastreabilidade do gado
A União Européia cobrou nesta segunda-feira do Brasil coerência na lista de fazendas exportadores de carne bovina para os países do bloco. O vice-presidente da comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu, Friedrich Baringdorf, afirmou que a União Européia sabe das dificuldades do Brasil em cumprir as regras de rastreabilidade, mas que a legislação européia precisa ser respeitada. O parlamentar e outros representantes do parlamento europeu estão no país para conhecer o sistema brasileiro de produção de carne bovina e o modelo de produção sucroalcooleira.
Ao fazer sua apresentação inicial, o presidente da comissão Neal Parish, disse que é preciso tratar o assunto rastreabilidade "agarrando o touro pelo chifre". Ele afirmou que a UE exige a rastreabilidade porque os consumidores dos 27 países do bloco querem comer carne que provenha de uma fonte segura e que possa ser rastreada. Uma das exigências dos europeus é a coerência entre as informações que constam no banco de dados da rastreabilidade. "Precisamos ter certeza de que o gado que consta do banco de dados é o mesmo exportado para a União Européia", afirmou.
O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária, Antenor Nogueira, foi contundente ao perguntar se os europeus achavam justo garantir uma reserva de mercado para a carne bovina européia. Nogueira apresentou dados que mostram que o custo de produção da carne na Irlanda é muito superior ao brasileiro. Na média, na Irlanda, o custo é de US$ 458 para cada 100 kg de carne bovina. No Reino Unido, este valor é de US$ 598 e, no Brasil, US$ 181,25. "Além da questão do custo, o senhor não acha que é estranho questionar o controle sanitário do País quando foram registrados 180 mil casos de BSE (encefalopatia espongiforme bovina) e de tuberculose no rebanho europeu?", questionou Nogueira.
O presidente da Comissão respondeu dizendo que não estava no Brasil para criticar o sistema de produção do País e lembrou que o Brasil leva vantagem porque tem uma situação climática melhor e as superfícies são mais amplas. "Não quero criar polêmica", disse o parlamentar. Já o representante da Federação de Agricultura do Mato Grosso, Zeca Dávila, disse que visitou frigoríficos e propriedades na Europa e que ficou "decepcionado".
Os parlamentares também foram questionados se apoiavam a campanha "difamatória" contra a carne brasileira, organizada pela Associação dos Produtores da Irlanda. Parish disse que a associação de fazendeiros zela pelos interesses de seus produtores da mesma forma que a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) faz pelos produtores locais. "Nosso papel é defender o nosso mercado e vocês têm que defender o de vocês", disse Baringdorf.
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