Anistia Internacional denuncia violência contra mulher no Brasil
"A realidade para as moradoras de comunidades carentes é catastrófica. São as vítimas escondidas da violência criminal e policial que tem dominado suas comunidades há décadas", disse Tim Cahill, pesquisador sobre temas relacionados ao Brasil na Anistia Internacional.
A entidade afirma que o estado brasileiro está praticamente ausente nas comunidades marginalizadas e muitas vezes o único contato dos moradores com o governo se dá através de invasões policiais esporádicas e militarizadas.
A Anistia Internacional reconhece que o Governo brasileiro tem um novo projeto que promete acabar com décadas de negligência, mas afirma que pouco foi feito para que fossem analisadas e atendidas as necessidades específicas das mulheres que vivem nas favelas. "Longe de protegê-las, muitas vezes a polícia submete mulheres a revistas ilegais feitas por agentes masculinos, utiliza linguagem abusiva e discriminatória e as intimida, especialmente quando elas tentam intervir para proteger um familiar", disse Cahill.
Para ele, "chefes do tráfico e líderes de gangues são a lei na maioria das comunidades carentes". "Eles punem e protegem, e usam mulheres como troféus ou instrumentos de barganha."
A Anistia Internacional afirma que ouviu histórias de mulheres que tiveram a cabeça raspada quando acusadas de infidelidade e que eram forçadas a ceder favores sexuais como pagamento de dívidas. A entidade também diz que "um número cada vez maior de mulheres está indo para o sistema prisional brasileiro, superlotado e com péssimas condições de higiene, onde estão sujeitas a abusos físicos e psicológicos - em alguns casos ate mesmo ao abuso sexual".
Na avaliação dos pesquisadores, mulheres em comunidades carentes vivem sob constante estresse.
Entre as iniciativas consideradas positivas pela entidade, está a lei Maria da Penha, que aumenta a proteção às mulheres vítimas de violência doméstica, mas que "ainda precisa ser integralmente implementada".
O relatório sugere que políticas amplas e de longo prazo, que tenham como objetivo a melhoria das condições de vida de mulheres em comunidades marginalizadas, são "extremamente necessárias para o fim da violência contra a mulher".
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