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Internacional
Quarta - 16 de Abril de 2008 às 13:51
Por: Al Baker

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Chelsea Frazier estava sangrando em seu Toyota zero, depois de levar os tiros que viriam a causar sua morte, em uma rua tranqüila do Bronx. Alijah, seu bebê de 14 meses, que havia acompanhado os pais na viagem de Massachusetts a Nova York, estava em sua cadeirinha no assento traseiro, ileso.

O pai do menino, Carlos Cruz, saltou do banco de passageiros e correu atrás do atirador. Mas não estava tentando apanhá-lo. "Espere", Cruz teria dito, de acordo com a polícia. "Você se esqueceu de atirar em mim". E foi o que o assaltante fez, atingindo-o com um disparo na perna direita.

Cruz contou à polícia e parentes que ele e Chelsea, sua ex-namorada, talvez tivessem sido vítimas de um roubo. Na terça-feira, porém, investigações intensivas iniciadas quando Cruz saiu do hospital levaram a polícia a alegar que o ataque parecia ter sido encenado, e que Cruz havia contratado o atirador, seu primo, um criminoso que estava em liberdade condicional, para assassinar Frazier e atirar nele, por US$ 1 mil.

Cruz e o primo, Devon Miller, 25 anos, foram acusados de homicídio em primeiro e segundo graus.

Os policiais acreditam que Cruz, 36 anos, estivesse zangado com Chelsea, que havia desmanchado o namoro entre eles, e que ele se preocupava com a possibilidade de que ela o impedisse de ver seu filho.

Cruz organizou uma visita de família, em uma ensolarada tarde de domingo, de Southbridge, Massachusetts, ao Bronx, onde vivem alguns de seus parentes, entre os quais Miller, segundo a polícia. O plano era comprar roupas de bebê em lojas que estavam em liquidação, visitar parentes e conversar sobre uma possível reconciliação.

Eles fizeram compras - em uma loja Old Navy - e também compraram sorvete em um caminhão parado diante da loja.

Depois, por volta das 16h, entraram em uma rua perto de um parque no bairro de Castle Hill, onde um homem se aproximou do carro, apontou uma arma pela janela e começou a atirar. Chelsea foi atingida por pelo menos dois disparos, e morreu a caminho do hospital.

De acordo com o plano, o dinheiro havia sido deixado na carteira de Cruz, que estava no painel do carro e foi levada pelo assaltante.

Uma testemunha que ouviu os tiros contou que havia visto Cruz perseguir o atirador. Ouviu gritos, mas não conseguiu distinguir as palavras, e viu Cruz levar o tiro. O atirador, que usava tranças ou dradlocks no cabelo, saltou para um utilitário esportivo verde e saiu em alta velocidade.

Parentes de Cruz disseram que, segundo ele, o homem havia tentado assaltar o casal, e que o homem provavelmente os havia seguido desde a loja.

Mas ele contou história ligeiramente diferente aos investigadores, no hospital, dizendo que o utilitário verde já estava na rua quando eles haviam estacionado. E os detetives perceberam os dreadlocks de Miller quanto este visitou Cruz no hospital.

Quando Cruz recebeu alta do hospital, na tarde de segunda-feira, a polícia pediu que ele fosse à delegacia tentar ajudar no reconhecimento de suspeitos. Miller o seguiu à delegacia, dirigindo um Chevy Tahoe verde.

Miller saiu da delegacia às 14h13 min, algemado e acompanhado por dois detetives. A polícia informou que ele havia admitido ser o atacante. Usando essa admissão, os policiais conseguiram que Cruz também confessasse sua culpa.

Na noite de terça-feira, Cruz e Miller estavam ambos detidos em uma cela do tribunal criminal do Bronx. O indiciamento deles deveria acontecer na manhã da quarta.

As duas famílias estavam abaladas depois do ataque da terça-feira. Um irmão de Cruz, em Southbridge, que não quis revelar seu nome, disse que estava batalhando para conseguir um advogado. "Meu irmão é bom sujeito, e é só isso que vou dizer", afirmou.

A família de Chelsea levou Alijah de volta a Southbridge, uma cidade cerca de 100 quilômetros ao sul de Boston, depois do ataque. Na terça-feira, o menina estava brincando na casa de sua avó.

A família contou que Chelsea, garçonete que estava estudando para se licenciar como massagista terapêutica, conheceu Cruz, caminhoneiro, no começo de 2006.

O relacionamento deles conduziu a um noivado, mas eles brigavam tanto, segundo a família, que Frazier decidiu desmanchar três semanas atrás. A família diz que Cruz não recebeu bem a dispensa e que estava se comportando de maneira cada vez mais ameaçadora com relação a ela.

"Ele me causava uma sensação ruim", disse Robert Manthorne, 67 anos, avô da jovem. "Ele dizia que, se Chelsea não fosse dele, não seria de ninguém, e que ele faria tudo que pudesse para ficar com o bebê, porque sabia que isso a magoaria."

Os investigadores desconfiaram do primeiro relato de Cruz, e os parentes de Frazier também, já que lhes parecia estranho que ele tivesse se perdido no bairro em que seus parentes vivem.

Miller, que mora em Beach Avenue, perto do local do crime, foi preso seis vezes desde 1999, segundo as autoridades. Serviu uma sentença de dois anos e uma de 21 meses de prisão, por posse ilegal de arma e posse de crack. Foi libertado em julho passado, e estava trabalhando na American Apparel, disse Carole Weaver, porta-voz da Divisão Estadual de Liberdade Condicional.

Os policiais dizem que o plano para matar Frazier foi aparentemente traçado duas semanas atrás.

Robin Snow, 45 anos, a mãe de Chelsea, diz ter perguntado à filha no domingo se ela se sentia confortável com a viagem ao Bronx, e afirmou a ela que havia "algo de errado". Mas o casal já havia feito compras no Bronx anteriormente, e Frazier disse à mãe que a viagem seria tranqüila.

"Ela disse que estava tudo bem, e que eles só comprariam roupas de primavera e verão para o bebê", afirma Snow.

Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME





Fonte: The New York Times

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