Emprego na indústria começa mais forte em 2008, aponta Fiesp
A indústria de transformação de São Paulo arrancou o ano com o mercado de trabalho em alta. Segundo divulgou a Fiesp nesta terça-feira, no primeiro trimestre, foram criadas 65 mil vagas de emprego --8.000 mais em relação ao mesmo período de 2007. Nos três primeiros meses deste ano, em relação ao estoque de dezembro do ano passado, o crescimento foi de 3,01%.
"Isso significa que o andar do emprego está melhor em 2008 do que em 2007. (...) Fechado o primeiro trimestre, temos acompanhado o desempenho da indústria, que apresentou, no INA [Indicador do Nível de Atividade da Indústria], resultado positivo em janeiro e fevereiro e deve ter também em março. Mostra a boa forma do crescimento continuado da produção com o emprego", disse Paulo Francini, diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas Econômicas) da Fiesp.
Na comparação de março deste ano contra o mesmo mês de 2007, a expansão chega a 5,11% (com a criação de 109 mil novos empregos no período), recorde para a série (iniciada em 2003 com a metodologia atual). O crescimento registrado em março ante fevereiro, de 1,29% (28 mil novos postos), também é o maior para o mês em seis anos, segundo a Fiesp.
Conforme Francini, o desempenho deste primeiro trimestre deve motivar a revisão das previsões da entidade para a economia brasileira --como PIB (Produto Interno Bruto) e saldo da balança comercial--, que deverá ser divulgada ainda neste mês. Ele pondera, no entanto, que a "retomada do ciclo de aumento" da taxa básica de juros pelo Banco Central, já a partir da reunião desta semana (que se encerra amanhã), deve conter o crescimento do país.
"Dá para dizer que o desempenho de 2008 será negativamente afetado pela retomada da alta da taxa de juros, ainda que o resultado seja melhor que o de 2007. Mas poderia ser maior se não fosse a alta dos juros", disse Francini.
Para o economista, com cenário de taxa de juros estável, o PIB está mais próximo da casa de 5% de alta, enquanto no cenário de aumento da taxa, o PIB fica mais próximo da casa de 4%.
"Com o aumento, ficaremos muito próximos do que estamos hoje. É uma grande perda deixar de adicionar 1 ponto percentual ao PIB deste ano."
Segundo Francini, a mudança de comportamento do BC, no caso de elevar a Selic, tem um peso mais simbólico do que numérico, no que diz respeito às expectativas dos empresários --com reflexos no planejamento das companhias.
"O pensamento e o comportamento do empresário era calcado em um ciclo de crescimento [da economia] consistente. Há quem vá fazer revisão de investimentos previstos a partir de outra crença", afirmou Francini.
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