Lula defende governadora tucana e diz que PAC é apartidário
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é "apartidário", ao defender a governadora tucana Yeda Crusius, vaiada nesta quinta (3) no lançamento de obras do programa em Porto Alegre (RS).
"Eu ainda tenho que visitar muitos estados do Brasil... Se a gente transformar o PAC em manifestação político-partidária, quando é um ato institucional, vou ter muita dificuldade de complementar as viagens que tenho a fazer do PAC", afirmou o presidente.
Ao falar sobre as vaias, Lula criticou a imprensa. "A minha preocupação é que amanhã a imprensa tenha como manchete não as obras que anunciamos, mas as vaias que aconteceram. É extremamente delicado porque a imprensa brasileira tem por hábito não gostar de dar notícia boa. Não tem maldade, é um hábito. (...) Os aplausos não são novidade. As vaias são", disse.
Antes de Yeda ser vaiada, o ministro da Justiça, Tarso Genro, havia discursado exaltando os anos em que o PT governou o estado e relembrando que, sob a gestão petista, o Rio Grande do Sul serviu de exemplo em relação ao orçamento participativo. O ministro foi muito aplaudido pelo público, formado basicamente por petistas.
A governadora, que discursou em seguida e foi vaiada, rebateu: "Nós respeitamos as diferenças. Senhor presidente, viemos aqui para ouvi-lo, mas o que o Tarso nos mostrou foi o prenúncio da campanha eleitoral. Não faremos deste ato campanha eleitoral."
O presidente dividiu o palco da cerimônia com duas pré-candidatas à Prefeitura de Porto Alegre para as eleições deste ano, as deputadas Maria do Rosário (PT) e Manuela D'Ávila (PC do B).
Ao discursar, porém, Lula disse que não se tratava de campanha eleitoral. "Nesta capital não posso nem vir fazer campanha política, porque quase todos os canditados a prefeito são de minha base eleitoral no Congresso. Não posso vir aqui, apoiar um e deixar o outro zangado. Estou aqui pisando em ovos, para não quebrar nenhum", disse.
O evento aconteceu na praça Oliveira Rolim, no bairro de Sarandi, uma região pobre de Porto Alegre. Lula foi recebido calorosamente por seus correligionários - algumas pessoas chegaram a jogar camisetas para o presidente assinar.
Além das duas pré-candidatas à prefeitura, Lula esteve acompanhado de ministros, como Dilma Rouseff (Casa Civil), Tarso Genro (Justiça) e Márcio Fortes (Cidades) e de políticos gaúchos, como o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, que também preside o PT no estado.
Funcionários dos Correios em greve aguardavam o presidente com faixas que pediam mais contratações por meio de concursos públicos. Eles cobraram ainda pagamento de adicional de 30% por periculosidade e segurança do trabalho.
Segundo o sindicato que representa a categoria no Rio Grande do Sul, o Sintect-RS (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul), cerca de 300 manifestantes participaram. O protesto foi abafado pelos aplausos dos aliados de Lula.
Pobres
O presidente voltou a criticar os políticos que, segundo ele, só lidam com pobres em época de campanhas eleitorais. “Na época de campanha, abraçam pobres, pegam no braço. Naquele dia, o pobre fica importante”, disse.
Segundo o presidente, “não tem nada mais fácil no mundo do que fazer política para pobre”. “Enquanto o pobre quer uma coisa de R$ 10 mil, o rico quer R$ 1 milhão.”
Diploma
O presidente voltou a afirmar, como já havia feito pela manhã em Rio Grande (RS), a 300 km de Porto Alegre, que é “o único presidente sem diploma” e que fará mais pela educação do que “todos os doutores”.
“Eu sei que isso incomoda. Tem gente neste país que não quer que os pobres tenham ascensão social”, disse Lula. Segundo ele, em cem anos foram construídas 140 escolas técnicas no país, contra 214 dos oito anos de seu governo.
Dilma Rousseff
No mesmo evento, a minsitra Dilma Rousseff afirmou que o PAC é o projeto mais importante que país teve nos últimos 20 anos. "O PAC é, talvez, para não ser muito pretensiosa, o projeto mais importante que país já teve nos últimos 20 anos."
Em seu discurso, que durou poucos minutos, a ministra não citou o suposto dossiê que contém informações sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e nem a aprovação da sua convocação pelo Senado para falar sobre obras do PAC. Embora esse seja o tema do requerimento, a oposição deve abordar o suposto dossiê.
Críticas
Pela manhã, o presidente esteve em Rio Grande e culpou mais uma vez os governos anteriores pela falta de investimentos em infra-estrutura no país e disse que, nos últimos anos, os governantes procuravam sempre “um bode expiatório” para a “incompetência”.
“Nesse tempo sem investimento, todo mundo culpava todo mundo. O governo federal culpava os governadores, os governadores culpavam os prefeitos (...). Estamos sempre encontrando um bode expiatório para nossa incompetência”, disse Lula, durante lançamento do programa Territórios da Cidadania na Fundação Universidade Rio Grande.
Viagens
O Rio Grande do Sul foi o 13º estado visitado neste ano pelo presidente, que já disse que pretende ir a todos os estados do país em 2008. Lula já esteve, até agora, em metade dos estados brasileiros em 2008 – Rio de Janeiro, São Paulo, Amapá, Espírito Santo, Ceará, Sergipe, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco e Alagoas.
No ano passado, segundo dados da assessoria da presidência, Lula esteve em 21 dos 26 estados brasileiros (alguns mais de uma vez). Ele só não foi para três estados da região Norte (Acre, Roraima e Rondônia) e para dois do Nordeste (Alagoas e Maranhão).
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