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Economia
Quarta - 02 de Abril de 2008 às 12:01

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Apesar da expansão da renda e do crédito na economia e dos sempre crescentes lucros bilionários dos bancos no Brasil, o acesso aos serviços bancários ainda está restrito a apenas 43% da população adulta do país.

A informação consta de um estudo da Felaban (Federação Latino-Americana de Bancos), que pretende aprofundar a pesquisa para criar, até o fim do ano, um índice mais completo e confiável sobre a bancarização na região. Inicialmente, serão contemplados cinco países, possivelmente Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.

O objetivo é mensurar não apenas dados quantitativos, mas também qualitativos. Além de informações como o número de contas correntes, agências e caixas eletrônicos em relação ao total da população, será considerada também a sustentabilidade desse acesso, com base nos marcos regulatórios e no ambiente institucional de cada país.

"A bancarização está na agenda da América Latina, mas ainda existem poucas informações sobre o assunto", explica a pesquisadora Liliana Rojas, responsável pelo estudo. Os dados existentes, no entanto, são suficientes para concluir que a inclusão financeira ainda é baixa no continente.

Com base no indicador preliminar de acesso da Felaban, nenhum dos países pesquisados pode ser considerado com alto grau de bancarização. O Chile --onde se estima que a penetração dos serviços financeiros chegue a 60% da população adulta-- é o país com o melhor desempenho na região, podendo ser considerado com "nível médio de acesso". O Brasil fica na categoria de baixo a médio acesso, ao lado de Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Panamá, Uruguai e Venezuela.

Segundo Rojas, o problema atinge também as micro, pequenas e médias empresas, que têm dificuldades para obter crédito. A pesquisadora explica que os principais obstáculos ao acesso são de ordem social e regulatória, além da própria falta de preparo dos bancos para atender aos potenciais clientes.

"No Brasil, os obstáculos sociais são incrivelmente importantes", diz. Entre esses empecilhos, estão a informalidade e a falta de cultura financeira. No âmbito regulatório, pesam a alta carga tributária que incide sobre o sistema bancário, a maior da região, e a ineficiência burocrática, que supera a corrupção nas queixas dos bancos.

Segundo Rojas, os altos depósitos compulsórios também desestimulam os empréstimos para o setor privado e levam os bancos a priorizarem títulos públicos. "Se a situação internacional piorar, e a aversão ao risco aumentar, esses papéis podem se deteriorar, deteriorando também a qualidade dos bancos", avaliou.

O diretor-geral da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Wilson Roberto Levorato, reconheceu que a inclusão da baixa renda no sistema bancário é um desafio para a instituição. Ele destacou, no entanto, que iniciativas como a implementação de correspondentes não-bancários e a expansão do crédito consignado têm contribuído para o maior alcance dos serviços.

Segundo ele, em 2007 houve um aumento de 10,1% na rede de atendimento dos bancos sobre 2006, puxado principalmente pelo incremento de 15,5% no número de correspondentes. Já a relação crédito/PIB passou de 30,7% para 34,7% no mesmo período. "Houve crescimento principalmente para a pessoa física, com forte participação do crédito consignado", explicou.





Fonte: Folha de S.Paulo

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