Produção de carne e leite em Mato Grosso pode aumentar 30%
Mato Grosso detém o maior rebanho bovino do país e pode ter a produtividade de carne e leite aumentada em até 30%, num curto prazo, com ajuda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A pedido do Governo do Estado, a Empresa começou a desenvolver com a Empaer programa de transferência de tecnologia para aumentar a eficiência das propriedades, podendo em apenas dois anos resultar em adicional de 500 mil toneladas só na oferta de carne bovina, por exemplo, sem a necessidade de abertura de novas áreas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) assinala que, com 205,9 milhões de cabeças, o rebanho bovino brasileiro é o segundo maior do mundo, perdendo apenas para a Índia. Deste total, mais de 26 milhões estão em Mato Grosso, que lidera entre os estados. No entanto, diagnóstico feito por universidades e organizações de produtores mato-grossenses apontam um prejuízo para o Estado, de mais de R$ 1 bilhão/anuais, que é o custo da ineficiência detectada no estudo.
Segundo o gerente geral José Roberto Rodrigues Peres, da Embrapa Transferência de Tecnologia, unidade que vai coordenar a participação da Empresa no programa, os levantamentos indicam que há no estado cerca de 4,5 milhões de matrizes improdutivas sendo que cada vaca vazia no pasto custa R$ 240,00 por ano. Conforme diagnóstico feito pelo Programa de Desenvolvimento Regional do governo de Mato Grosso pelo menos 4 milhões de hectares de pastagens estão deixando de agregar renda ao produtor.
Transferência de Tecnologia - Para mudar esse quadro, Peres explica que o programa de transferência de tecnologia será focado na gestão da propriedade, recuperação de pastagens e no manejo do rebanho, pontos em que foram encontrados os principais gargalos. Com capacitação técnica, estratégias de intervenção nas fazendas com monitoramento e avaliação do grau de adoção de tecnologias a Embrapa espera aumentar a eficiência das propriedades.
“Esse trabalho deverá aumentar a oferta de leite e de carne no Estado e promover a verticalização da produção, reduzindo a pressão por novas áreas”, destaca o gerente, em referência à preocupação com a sustentabilidade sócio-ambiental presente no programa. O sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), desenvolvido pela Embrapa e parceiros, também será alternativa para recuperação de pastagens. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat) vai destinar R$ 100 mil para a primeira etapa do programa, que deverá unir a pesquisa, a extensão rural e o setor produtivo.
Programa - As principais linhas do programa foram aprovadas pelo governador Blairo Maggi na última semana, após apresentação de proposta da Embrapa aos secretários de Projetos Estratégicos, Cloves Vettorato, e de Desenvolvimento Rural, Neldo Weirich, e ao presidente da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural de Mato Grosso (Empaer-MT), Leôncio Pinheiro, que ajudaram na elaboração do documento final.
A reunião com o governador contou com a presença de representantes da Embrapa Gado de Corte, Embrapa Gado de Leite, Embrapa Agropecuária Oeste, Embrapa Suínos e Aves, Embrapa Transferência de Tecnologia e Assessoria de Inovação Tecnológica da Empresa (AIT).
De acordo com Peres, a primeira etapa do programa deverá ter início em abril, quando será feito o plano de trabalho, além da identificação de parceiros e potenciais financiadores das ações. As cadeias produtivas contempladas pelo programa são: bovinocultura de corte e de leite, avicultura e suinocultura. Os eixos prioritários para as duas primeiras cadeias são o tecnológico e a gestão. Para as cadeias produtivas de suínos e aves foi identificada a necessidade de uma ação de diagnóstico para posterior priorização de estratégias e ações.
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