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Após quatro meses, eles continuam inconformados e organizam protestos
Produtores ameaçam retomar área devolvida a xavantes
Os pequenos produtores expulsos com a desintrusão da Terra Indígena de Marãiwatsédé se organizam para uma nova tentativa de retomar a vila do Posto da Mata, construído dentro da terra xavante. Mais de cinco mil pessoas tiveram que deixar o local, e o que sobrou apenas escombros das moradias do vilarejo.
No sábado (1º), grupo de ex-moradores do local se reuniu para discutir as novas formas de manifestações e o possível retomada do Posto da Mata, onde muitos ainda se recusam a cortar o laço com a localidade indígena.
Desde 28 de janeiro, com o final da retirada dos não índios do local, cerca de 300 famílias ainda resistem e moram à beira da BR-158. Os demais foram espalhados para municípios da região, como Alto Boa Vista, Querência, Porto Alegre do Norte e Bom Jesus do Araguaia.
No dia de 29 de maio, pouco mais de quatro meses, cerca de duas mil pessoas fecharam a BR-158, no distrito de Alô Brasil, em Bom Jesus do Araguaia.
Foram mais de 600 veículos e 370 caminhões paralisados. Este foi apenas um das dezenas de manifestações realizadas na região, com a intenção de chamar a atenção dos políticos e da sociedade.
“Esperamos julgamento do STF sobre o caso. Nós vamos voltar para o Posto da Mata. Tentamos entrar há uns 30 dias e fomos retirados pela polícia. Queremos uma solução para a nossa situação. As pessoas estão perdendo a paciência. Somos tratados como moleques pelo governo e a coisa pode fugir do controle”, alertou o ex-morador de Posto da Mata, William Oliveira. Hoje, ele vive com a família em Bom Jesus do Araguaia.
Novas manifestações estão previstas para este mês na região. A maior delas deve ocorrer no próximo dia 14, em um ato nacional em todos os estados contra novas demarcações de terras indígenas.
Retomada é crime
O coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Gilberto Vieira, disse que a tentativa de retomada do Posto da Mata configura em crime, já que a Justiça reconheceu a área como pertencente ao povo xavante.
“Caso o fato se concretize, será uma ação ainda mais violenta do que em 1966 quando os índios foram tirados do local. Isso vai contra os direitos dos indígenas”, disse ele.
O coordenador observou ainda que os xavantes também ficam apreensivos com a situação. “É como se reconhecesse que a casa é sua, mas tem alguém querendo tomá-la”, comparou.
Gilberto diz que os xavantes estão trabalhando para recuperar a área, parte devastada.
“Desde 2004 quando retornaram por meio de liminar à sua área, eles começaram a plantar roças, fazendo suas casas, mesmo em meio a essas pressões, eles tem tocado a vida”, relatou.
Fonte:
Mídia News
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