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Esportes
Sexta - 28 de Março de 2008 às 09:15

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A partir da Lei Pelé, há dez anos atrás, o futebol brasileiro passou a ser dominado por empresários. A frase é um mantra repetido por cartolas.

A realidade mostra o poder sobre jogadores de ponta concentrado em alguns agentes oficiais de futebol. Só que o Brasil tem poucos empresários em relação ao número de atletas em comparação com outros centros do futebol mundial.

São 219 agentes para um total de 16.200 jogadores, segundo dados da Fifa. Ou seja, a relação é de mais de 70 atletas por empresário. Na Espanha, são 2,9 jogadores por representante oficial. Proporcionalmente, o Brasil só perde para o México.

"O mercado é concentrado. E será ainda mais no futuro. Quem tem maior poder econômico e serviços melhores tende a atrair os atletas", explica o agente Frederico Souza, que detém 100 atletas, entre eles Gustavo (Palmeiras) e Hernanes (São Paulo). "O jogador vai procurar quem pode levar ele mais rápido para fora."

Há a entrada de empresas no mercado. A Traffic, ao lado de Frederico Souza, montou empresa para gerenciar carreiras de uma forma mais ampla.

A influência dos agentes junto aos dirigentes também aumenta a concentração, diz o presidente interino da Federação Nacional dos Atletas Profissionais, Rinaldo Martorelli.

"Tem clube que passa o atleta. Algumas vezes, indica o agente", conta o sindicalista.

Para o empresário Carlos Leite, com 30 jogadores, a concentração ocorre como em outras áreas. "Tenho olheiros. E, basicamente, tem o boca-a-boca dos atletas."

Após participar da negociação de Ibson a Portugal, Carlos Leite levou Souza para o Flamengo. No clube, também ficou com a representação de Renato Augusto. No Palmeiras, botou Diego Souza e Léo Lima.

Os maiores empresários do país, Juan Figer, e Wagner Ribeiro, têm relações com os quatro grandes de São Paulo.

Léo Rabello, presidente da Associação Brasileira de Agentes de Futebol, aponta em seu site a relação dos clubes com os quais tem negócio, o que inclui todos os grandes brasileiros e vários na Europa e Ásia.

Com 33 jogadores, ele aponta a existência de agentes piratas como responsável pelo reduzido número de profissionais oficiais no país. "O empresário autorizado tem que atuar na lei. Tem que pagar imposto de renda, tudo certinho", diz Rabello.

Empresários estimam entre 300 e 400 o número dos que atuam sem aval da Fifa. Os agentes dizem que os clubes são coniventes com o fato.

Mas os empresários oficiais também desrespeitam a norma da entidade. Boa parte compra direitos sobre a negociação do atleta, o que é vetado pela lei.

É uma conseqüência de um mercado desregulado, apesar da norma da Fifa. A CBF tem um tribunal para julgar questões entre agentes, mas o órgão nunca tomou medidas efetivas.

Em 2007, a Fifa estabeleceu que devem haver câmeras nacionais de disputa entre jogadores e clubes, uma norma que vale a partir deste ano.

Longe dessa realidade, de normas, agentes e piratas, há um grande número de atletas à margem. Para empresários, a maioria dos 16.200 jogadores nem desperta interesse porque existe excesso de profissionais. O Brasil é recordista de atletas.

"Não acho que o número seja inchado. Mas não temos levantamento de quantos vivem só de futebol", diz Martorelli.




Fonte: Folha de S.Paulo

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