Ano de 2008 deve ter mais crescimento e inflação, prevê BC
O Banco Central aumentou a sua previsão para a inflação e para o crescimento da economia brasileira neste ano, segundo relatório de inflação divulgado nesta quinta-feira (27) pela autoridade monetária. Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2008, a expectativa de elevação passou de 4,5% para 4,8%. Em 2007, a economia cresceu 5,4%.
Crescimento econômico
Ao estimar um crescimento maior para este ano, o BC acredita que a agropecuária e a indústria terão melhor desempenho do que o projetado anteriormente, assim como o setor de Serviços. A previsão de crescimento da agropecuária, por exemplo, subiu de 4,4% para 4,9%, ao mesmo tempo em que a expectativa de expansão da indústria passou de 4,8% para 5,2%. Para o setor de Serviços, a projeção de crescimento subiu de 4,2% para 4,4% em 2008.
"O aumento da produção da indústria é projetado em 5,2%, com ênfase no maior vigor da indústria extrativa, impulsionada pela aceleração na produção de petróleo e de minério de ferro; e da construção civil, favorecida pela continuidade da expansão do crédito imobiliário e dos investimentos. O setor de serviços continuará refletindo a demanda interna aquecida, devendo crescer 4,4% no ano", informou o BC.
O BC acredita ainda que o crescimento do PIB será acompanhado de um maior consumo das famílias, cuja estimativa para este ano subiu de 5,9% para 6,8%. As perspectivas, segundo a instituição, são de "continuidade das trajetórias de melhoria das condições do mercado de trabalho" e de "consolidação do canal de crédito como elemento propulsor das compras de maior valor absoluto".
A expectativa da instituição para crescimento dos investimentos em 2008, por sua vez, passou de 10,4% para 11,9%. "Esse aumento reflete a aceleração registrada nos investimentos durante o último trimestre de 2007; a continuidade do otimismo dos empresários tanto em relação ao desempenho da economia quanto às condições favoráveis relativas ao custo do reaparelhamento do parque industrial; e a intensificação da realização de obras de infraestrutura por parte dos governos dentro do cronograma previsto no PAC", diz o BC no relatório de inflação.
Inflação
Já para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é utilizado como referência no sistema de metas de inflação, a projeção do BC para 2008, com base nas estimativas do mercado financeiro para a taxa de câmbio e para os juros básicos da economia, subiu de 4,3% para 4,7%. Para 2009, a projeção passou de 4,7% para 4,8%.
As estimativas do BC para a inflação de 2008 (4,7%) e de 2009 (4,8%), portanto, estão acima da meta central de inflação (4,5%) para estes dois anos - pelo menos na projeção feita com base nos juros e no câmbio projetado pelo mercado financeiro, ou seja, a mais realista.
No cenário de referência, que prevê taxa de juros inalterada em 11,25% ao ano e câmbio estável em R$ 1,70, que é menos factível, o BC elevou sua estimativa de inflação para este ano de 4,3% para 4,6%. Para 2009, a estimativa subiu de 4,2% para 4,4%.
Economia global
Em linhas gerais, o BC trabalha com um "arrefecimento moderado do ritmo de expansão da economia global", do lado externo, acompanhado de continuidade do ciclo de expansão da economia brasileira, do lado doméstico, "com riscos inflacionários em elevação, tanto doméstica quanto externamente", informou o BC no relatório de inflação.
Do ponto de vista de riscos externos, acrescenta a instituição, o principal é a possibilidade de que a desaceleração da economia mundial seja ainda mais intensa do que a contemplada. "Note-se que, além do impacto que, por si só, uma desaceleração econômica mais intensa nos EUA causaria na economia global, devem ser considerados os potenciais efeitos negativos sobre economias maduras da Europa e da Ásia e sobre economias emergentes", diz o BC.
Definição da taxa de juros
O Banco Central é o responsável pela determinação dos juros básicos da economia brasileira. Atualmente, os juros estão em 11,25% ao ano. Para calibrar os juros, o BC tem metas de inflação pré-determinadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para este ano e para 2009, a meta central é de 4,5%, com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, de modo que o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja descumprida.
Quando a inflação dá sinais de que está em linha com as metas de inflação, o BC pode baixar os juros e estimular o crescimento da economia brasileira. Entretanto, quando está em trajetória superior à das metas, sobe os juros para conter a inflação. Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC informou que cogitou elevar a taxa de juros. Alguns analistas já acreditam que o Copom aumentará os juros ainda neste ano para conter o crescimento da inflação.
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