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Nacional
Quinta - 27 de Março de 2008 às 10:00

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Três representantes do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Campinas, a 95 km de São Paulo, foram presos nesta quarta-feira (26) quando tentavam extorquir um representante de uma empresa de plano de saúde. Eles exigiram R$ 600 mil em dinheiro por terem influenciado os trabalhadores a aceitar um novo contrato.

A empresa denunciou o caso ao Ministério Público e à Polícia Civil. Foram presos a advogada do sindicato, o tesoureiro e outro representante da entidade.

Uma câmera escondida gravou várias reuniões entre membros do sindicato e diretores da empresa de convênio médico. Os sindicalistas exigiam da empresa recém-contratada pela Associação das Empresas Permissionárias de Ônibus (Transurc) uma comissão informal por terem convencido os trabalhadores a pagar mais pela assistência médica. Em uma das reuniões, um dos sindicalistas preso diz ao diretor da empresa médica: “Muito pior do que vender é convencer o pessoal a pagar mais do que eles pagavam. Nós fizemos isso, regularizamos, colocamos o Departamento Jurídico à disposição para fazer tudo isso, para depois dizer: Oh, não. Só 30%”.

Ainda segundo os representantes, tudo já havia sido acertado com a Transurc. Em outras reuniões, um dos acusados de extorsão disse: “Todo tempo os empresários disseram para nós: Faz a lição de casa de vocês que do outro lado está tudo certo. Os empresários sabiam disso, a Transurc sabia e vocês também sabiam” .

A comissão exigida corresponderia a 100% da mensalidade repassada pela associação ao plano de saúde, cerca de R$ 600 mil. E o valor seria inegociável. “Para sindicato é uma fatura inteira e ponto final. Isso é sagrado no movimento sindical. Todo mudo sabe o que é que é isso. Agora vem falar em 30%. Tá pensando que está falando com quem, com idiota?!”, disse a advogada do sindicato em uma das gravações. Ela também assessora o Sindicato dos Servidores de Campinas, inclusive fazendo denúncias de funcionários fantasmas na administração municipal.

Sem acordo sobre o valor a ser repassado aos sindicalistas, eles fizeram ameaças. “Sabe o que nós vamos fazer? Nós vamos pedir para esse benefício ser jogado nos salários. E vamos fazer greve para isso. Esse benefício vai ter que ser repassado em percentual no salário. Aí o trabalhador faz o convênio que ele quiser. Quero ver o que o senhor vai fazer com o contrato, com a Transurc, com todo mundo”, ameaçou um dos presos nesta quarta.

Os representantes do sindicato insistiram em que o acordo verbal teria um peso de pacto de cavaleiros. “Se o senhor fez um pacto, esse pacto tem que ser mantido É o fio do bigode no movimento sindical. Ninguém rompe esse bigode. Pelo menos ninguém rompe e fica impune”, ameaçou a advogada.

O negociador da empresa de saúde finge aceitar o acordo e pergunta se deve pagar em dinheiro ou cheque. A advogada responde que prefere dinheiro e ainda faz uma concessão, que poderia ser em duas vezes.

Depois destas reuniões gravadas, um novo encontro foi marcado com os sindicalistas. Seria para o pagamento dos R$ 600 mil. O funcionário da empresa de saúde levou parte do dinheiro, e quando saiu para buscar o restante, policiais e o Ministério Público entraram na sala e deram voz de prisão. Os três foram algemados. A advogada ainda perguntou ao delegado no momento da prisão: “O senhor vai me algemar, o que é que eu fiz?”.

Para o promotor de Justiça Luiz Alberto Bevilacqua, ameaçar o sistema de transporte com greve é extorsão. O delegado, Eduardo Simões, disse que o inquérito instaurado é que vai dizer se outras pessoas estão envolvidas. “Outras diligências devem ser feitas”, afirmou.




Fonte: G1

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