IBGE: desigualdade social cai, mas de forma lenta
A desigualdade social no Brasil está caindo, mas em ritmo ainda lento, afirmou o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Atualmente, segundo ele, os 20% mais ricos do país detêm 60% da riqueza do país, enquanto os 20% mais pobres ficam com apenas 3% da renda nacional.
De acordo com o presidente do IBGE, os 18 milhões de brasileiros mais ricos (10% da população nacional) detêm 18 vezes a renda dos 70 milhões mais pobres (40% da população). “Essa diferença vem caindo, mas de forma lenta”, observou.
"Estamos ao lado do Japão, Espanha e Coréia quando se trata de indicadores econômicos, e nos assemelhamos a países como Malawi, Zimbábue e Zâmbia em termos de indicadores sociais, como grande concentração de renda", disse o economista, ao lembrar que, apesar de ser a décima economia do mundo, o país aparece na 62ª colocação quando se analisa a distribuição de renda.
O presidente do IBGE foi convidado pela CAE para falar sobre os indicadores econômicos, sociais e demográficos do país, a partir dos dados reunidos no Censo Agropecuário e na Contagem Populacional, ambos realizados em 2007.
Índices em queda
Eduardo Pereira Nunes também que os índices de mortalidade infantil, de fecundidade e de analfabetismo também caindo. Em 2006, por exemplo, pela primeira vez no país a taxa de fecundidade ficou abaixo de dois filhos (1,99 por mulher, ante os 2,1 registrados em 2005). Em 1940, a média era de 6,2 filhos por brasileira.
O economista destacou que, em 1950, a média era de 150 crianças mortas para cada mil que nasciam vivas. Já em 2006, o número de mortes para cada mil crianças era de 23. O presidente do IBGE também apontou a melhoria das condições de higiene e saúde como motivo para o aumento da expectativa de vida no Brasil, que saltou de 40 anos, em 1940, para 72 anos, em 2006 – crescimento de 76%.
“A distância entre as diferenças de expectativa de vida entre os extremos, as regiões Sul, Sudeste e Nordeste, caiu de 14 para cinco anos nesse período”, afirmou Eduardo. Por outro lado, observou, o índice de mortalidade dos jovens, por causas violentas, tem crescido de maneira preocupante em alguns estados do país. Eles são vítimas, sobretudo, de acidentes de trânsito e de armas de fogo.
“Isso já afeta a expectativa de vida em três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. Nesses estados, os jovens do sexo masculino têm expectativa de vida inferior à das jovens da mesma faixa etária”, declarou.
Segundo ele, o IBGE constatou que existem 30 mil brasileiros com mais de 100 anos de idade em todo o país. “Atualmente, 64% das famílias são chefiadas por pessoas com mais de 60 anos”, destacou.
Analfabetismo
O presidente do IBGE disse que as pesquisas indicam que há uma queda sistemática na taxa de analfabetismo. Em 1950, metade da população brasileira era analfabeta. Em 2006, esse índice para 10,4%. O analfabetismo ainda é maior no campo (24%) do que nas regiões urbanas (7,8%). Dos que se declaram analfabetos, 32% são considerados brancos. A maioria (67,4%) é de cor preta ou parda.
Em alguns estados, no entanto, os números têm evoluído de forma muito lenta. Como exemplo, Eduardo citou o caso de Alagoas, onde 46% das pessoas com mais de 15 anos são consideradas analfabetas funcionais.
Economia
Além dos indicadores sociais, o presidente do IBGE também ressaltou a importância do crescimento de 5,4% da economia brasileira em 2007. No ano anterior, esse índice havia ficado em 3,8%. O economista destacou a participação do setor agropecuário no processo de crescimento do país e o aumento do consumo das famílias brasileiras nos últimos quatro anos.
O aumento do consumo, segundo ele, pode ser atribuído ao “crescimento da massa de salário real", resultado do aumento de emprego e do nível dos salários. A aceleração das importações de bens e serviços ao longo de 2007 e o aumento dos investimentos no país também foram fundamentais para o saldo positivo da economia, na avaliação do presidente do IBGE.
Comentários