Fazendeiro de MT é preso por manter trabalhadores como escravos
Altair Vezentin , fazendeiro de Mato Grosso, foi preso em flagrante por submeter trabalhadores à condição análoga à de escravidão, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT). Ele mantinha três funcionários em um barracão no meio do matagal em sua propriedade, na cidade de Alta Floresta, a 800 quilômetros de Cuiabá. O MPT e a Polícia Militar (PM) realizaram a prisão.
Vezentin foi encaminhado para a Cadeia Pública do município. Ele deixou a prisão no dia seguinte e responderá ao processo em liberdade. Os trabalhadores, de acordo com o MPT, eram forçados a ficar na fazenda São Pedro, utilizada para pecuária, sob a alegação de que tinham de pagar dívidas relativas à alimentação. Além disso, o acusado restringia os meios de transporte e os funcionários não tinham como deixar a propriedade, que fica a 100 quilômetros da zona urbana.
“A estrada que chega até lá é vicinal, parece mais uma ‘picada’. Avistamos várias pegadas de onça. Sair de lá é muito difícil sem uma caminhonete com tração”, disse o procurador do Trabalho de Alta Floresta, Rafael de Araújo Gomes. A denúncia contra o fazendeiro chegou até as autoridades depois que uma das vítimas deixou a fazenda e caminhou 40 quilômetros, um dia inteiro, e depois conseguiu uma carona até a cidade.
“O fazendeiro não impediu que o trabalhador saísse, mas disse que ele teria de ir embora andando. Tem que ser muito corajoso para fazer esse percurso dessa maneira, é muito perigoso, principalmente por causa dos animais silvestres”, destacou Gomes. O denunciante chegou à cidade na terça-feira e dois dias depois a equipe foi até o local, onde encontrou outros dois trabalhadores em condições degradantes.
A barraca de lona onde os trabalhadores moravam ficava a cerca de 4 quilômetros da sede da fazenda. Lá, eles não tinham condições básicas de higiene, como banheiro e água potável, bebiam o líquido de um córrego, o mesmo em que tomavam banho, e dormiam em redes. O procurador relatou que no espaço encontrou alguns mantimentos sobre uma mesa improvisada, feita com pedaços de galho, e um pedaço de carne pendurada em um varal.
“Eles disseram que receberam um pedaço de carne podre, mas tiveram de enterrar, porque não tinha condições de comer”, relatou Gomes. Os trabalhadores foram contratados para roçar o mato na área, mas não tinham carteira assinada.
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