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Cidades/Geral
Domingo - 02 de Junho de 2013 às 16:56
Por: ALECY ALVES

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A falta de atitude ou a reação diante de casos de exploração sexual de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos indicam que a sociedade nem sempre vê crime na prática. Isso ocorre até mesmo entre as famílias que tiram algum proveito financeiro explorando ou permitindo a exploração das próprias filhas. 

Dois casos ocorreram esta semana, um em Cuiabá e outro em Várzea Grande. Eles podem ser apontados como exemplo do entendimento da ausência de crime. No bairro Coophamil, em Cuiabá, incomodados com o barulho e a presença de mulheres e homens em situações obscenas, vizinhos acionaram a polícia. 

Apurou-se que no local, há um bom tempo, funcionava um prostíbulo, no qual havia pelo menos quatro adolescentes com idade entre 14 e 17 anos. Uma delas era a filha da dona do “cabaré”, conforme a polícia e o Conselho Tutelar. 

Também foram apreendidos documentos pessoais falsos, inclusive passaporte, medicamentos abortivos, estimulante sexual, preservativo e outros produtos. 

Já em Várzea Grande, no bairro 7 de Maio, a polícia descobriu que uma menina de 12 anos estava vivendo com um traficante, com autorização da mãe. 

O traficante e outras quatro pessoas, incluindo a mãe e a menina, foram flagrados em uma casa, que também serviria como boca-de-fumo, onde havia uma balança de precisão, porções de cocaína e dois aparelhos celulares. A mãe confirmou a idade da menina e se confessou usuária de droga e cliente do genro. 

A representante do Comitê Nacional de Enfrentamento e Combate ao Abuso e Exploração Sexual na Região Centro-Oeste, Dilma Camargo, reclama que a sociedade não vê violação de direitos porque entende que as adolescentes sabem o que estão fazendo e estão naquele ambiente ou condição por vontade própria. 

É necessário, alerta Dilma, que as pessoas aprendam que não é porque a menina cresceu e tem vida sexual ativa, que sabe o que está fazendo e as consequências de seus atos. “Ela está em desenvolvimento físico e intelectual, não consegue visualizar e tampouco elaborar os prejuízos desse ato”, completa.

Além disso, destaca, a grande maioria vem o crime sexual como algo distante da própria realidade, como se ocorresse somente nas famílias alheias. O abuso contra crianças, avalia Dilma, a sociedade não tolera, mas, contraditoriamente, aceita a exploração de adolescentes. 

Dilma Camargo chama a atenção para a necessidade de mudança dessa situação. Semana atrás, Dilma esteve em Brasília para participar de uma reunião na Secretaria de Direitos Humanos sobre exploração sexual em grandes eventos. Em Cuiabá, informa ela, haverá uma reunião para debater o funcionamento de uma rede de combate durante a Copa de 2014.





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